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Boston quer arranha-céu para ser capital da tecnologia

Prefeito quer evitar incentivos fiscais ou outros adereços tradicionais a favor da criação de moradias acessíveis para funcionários de classe média

Vista aérea da cidade de Boston, nos EUA: funcionários estão tendo cada vez mais dificuldades para ficarem na cidade (Michael Ivins/ Boston Red Sox via Bloomberg)

Vista aérea da cidade de Boston, nos EUA: funcionários estão tendo cada vez mais dificuldades para ficarem na cidade (Michael Ivins/ Boston Red Sox via Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2014 às 23h35.

Boston - O prefeito de Boston, Martin Walsh, disse que ele quer transformar sua cidade na capital mundial da tecnologia, evitando incentivos fiscais ou outros adereços tradicionais a favor da criação de moradias acessíveis para funcionários de classe média.

À medida que os preços dos condomínios em Boston sobem, especialmente no mercado de luxo, os funcionários estão tendo cada vez mais dificuldades para ficarem no local, disse Walsh em uma entrevista no escritório da Bloomberg em Boston. Grupos de três e quatro funcionários vão morar juntos para dividir o aluguel, mas finalmente eles querem ter sua própria casa, e a cidade deve ser mais criativa na forma de acomodá-los, disse Walsh.

“Eu não tenho medo de construir um arranha-céu para alojar a força de trabalho”, disse ele. “A classe média está sendo expulsa, e isso está acontecendo em toda parte”.

O preço médio de venda de um condomínio em Boston subiu para pouco menos de US$ 950.000 em abril, segundo a Link Inc., uma empresa que acompanha as vendas nos bairros de Boston.

As moradias acessíveis surgiram recentemente como tema em outros dois centros urbanos dos EUA. No mês passado, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, se comprometeu a construir ou preservar 200.000 apartamentos acessíveis nos próximos dez anos para reverter a tendência. Em São Francisco, manifestantes que carregam cartazes com slogans como “Tecnologia = Morte” estão se unindo contra funcionários do Vale do Silício que estão comprando prédios de apartamentos e afugentando inquilinos.

‘Margem estreita’

Walsh disse que pode ser desafiador criar o tipo de moradias que ele antevê. Duas condições importantes devem ser cumpridas, disse ele: os bancos têm que se sentir confortáveis emprestando o dinheiro e os desenvolvedores precisariam de estabilidade na sua relação com a cidade.

“Trata-se de uma margem muito estreita para os desenvolvedores, pois o retorno sobre o investimento não é tão bom” quanto nos projetos exclusivos na orla, disse ele.


Walsh, que em janeiro sucedeu o prefeito com mais anos de serviço público em Boston, Thomas Menino, disse que ele também quer disponibilizar propriedades da cidade para que startups de tecnologia as utilizem como espaço de criação nos bairros e na área do centro da cidade. Ainda que ele não descarte incentivos fiscais, o prefeito disse que ele estava em busca de diferentes formas de promover o clima de negócios.

Corte de fitas

Nos últimos dois meses, Walsh cortou as fitas para inaugurar startups que empregam 4.800 pessoas, disse ele.

Ao mesmo tempo, Walsh disse que é importante trabalhar com as empresas que já estão na cidade, como a Fidelity Investments, que vendeu alguns dos seus prédios no centro e deslocou vários funcionários para fora do estado com os anos.

Walsh, 47, é um democrata nascido e criado na seção de Dorchester em Boston. Ele sobreviveu a um câncer infantil e falou abertamente durante sua campanha para prefeito sobre uma antiga dependência do álcool.

Antes de candidatar-se a prefeito no ano passado, Walsh foi deputado estadual, eleito pela primeira vez em 1997. Ele também atuou como líder trabalhista, sendo durante dois anos diretor do Conselho de Profissões da Construção do Distrito Metropolitano de Boston, conforme o site da cidade de Boston.

Uma coisa que Walsh tem em comum com Menino é o valor que ele dá a manter intactos os bairros da cidade. Ele disse que se reuniu recentemente com Drew Faust, presidente da Universidade de Harvard, que de acordo com Walsh é dono de cerca de 50 por cento dos terrenos no bairro de Allston em Boston. Alguns moradores estão insatisfeitos com a intrusão da universidade em uma situação descrita por Walsh como “muito contenciosa”.

Boston deve encontrar formas de usar Harvard “para manter a existência de um bairro”, disse Walsh.

O porta-voz de Harvard Jeff Neal confirmou que Faust tinha se reunido com Walsh e não deu detalhes, exceto que os dois se reunirão de novo.

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