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Boris Johnson desafia oposição a tirá-lo do cargo

Primeiro-ministro britânico desafiou opositores a lançarem moção de censura contra seu governo após justiça declarar como "ilegal" suspensão do parlamento

Boris Johnson: premiê desafiou opositores a lançar uma moção de censura contra seu governo (Dan Kitwood/Getty Images)

Boris Johnson: premiê desafiou opositores a lançar uma moção de censura contra seu governo (Dan Kitwood/Getty Images)

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AFP

Publicado em 25 de setembro de 2019 às 18h21.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, desafiou nesta quarta-feira (25) a oposição a lançar uma moção de censura contra seu governo após a justiça declarar como "ilegal" sua decisão de suspender o trabalho do Parlamento até os dias anteriores ao Brexit.

Após entrar em recesso em 10 de setembro por decisão de Johnson, o Parlamento - que deveria ficar fechado 14 de outubro - retomou os trabalhos nesta quarta por conta de uma decisão proferida na véspera pela Suprema Corte que derrubou a medida adotada pelo controverso primeiro-ministro.

E o organismo jurídico fez isso pedindo explicações ao Executivo.

"Renuncie, renuncie!", gritaram muitos deputados para Johnson quando ele apareceu no final da tarde, depois de retornar de Nova York, onde participou da Assembleia Geral da ONU.

Diante dos protestos, o chefe de governo conservador os desafiou a expulsá-lo do poder.

O Partido Trabalhista e as formações menores "tem até o fim da sessão desta quarta na Câmara para apresentar uma moção de censura, e podemos ter essa votação amanhã", disse Johnson.

"Será que eles terão coragem de agir ou se recusarão a assumir responsabilidades e não farão nada além de hesitar e adiar? Por que não teriam? Do que tem medo?"

Johnson quer convocar eleições legislativas antecipadas, pois perdeu a maioria absoluta após a rebelião de 21 de seus deputados conservadores.

Voltar a adiar o Brexit

"Diz que quer eleições gerais, eu quero eleições gerais", afirmou o líder da oposição trabalhista Jeremy Corbyn.

"É muito simples, se você quer as eleições consiga um adiamento" da data de saída da União Europeia, acrescentou.

Antes da suspensão dos trabalhos, o parlamento aprovou uma lei que obriga o primeiro-ministro a solicitar um novo adiamento do Brexitse, após a cúpula europeia de 17 e 18 de outubro, não chegar a um novo acordo de separação ou se der luz verde aos deputados para um Brexit sem acordo de consequências caóticas.

Esta última opção é muito improvável. A menos que as eleições sejam realizadas antes e Johnson, que segundo as pesquisas ganha popularidade entre os eleitores, obtenha uma clara maioria absoluta

O primeiro-ministro afirma ter intensificado as negociações com a UE em busca de um acordo, mas os líderes europeus dizem que o Reino Unido não apresentou nenhuma proposta viável e se declaram pessimistas.

No referendo de 2016, 52% dos britânicos decidiram deixar a União Europeia. Mas diante da repetida rejeição do Parlamento ao Tratado de Retirada negociado pela ex-primeira-ministra Theresa May, data de saída, inicialmente prevista para março de 2019 , foi adiada duas vezes.

Apesar da nova legislação, Johnson diz que não solicitará um terceiro adiamento e que, se não chegar a um acordo, vai retirar o país do bloco sem acordo, o que, segundo um relatório do governo, pode causar escassez de alimentos e remédios frescos e até distúrbios violentos.

Ilegal, nula e sem feito

Na terça-feira, deferindo um golpe implacávelem Johnson, que se soma às muitas derrotas políticas sofridas nas últimas semanas, 11 juízes da Suprema Corte determinaram por unanimidade quedecisão do primeiro-ministro de suspender o trabalho do parlamento por cinco semanas era "ilegal", " nula e sem efeito ".

O governo justificou o recesso devido à necessidade de preparar e apresentar seu programa de políticas nacionais, uma prática comum que geralmente dura apenas uma semana. Seus oponentes o acusam de tentar lidar com a ameaça de um Brexit sem acordo.

E a justiça provou que eles estavam certos: "teve o efeito de frustrar ou impedir a capacidade do Parlamento de desempenhar suas funções constitucionais sem justificativa razoável".

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