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Boris Johnson assume como primeiro-ministro britânico

Em seu discurso de posse, novo premiê prometeu que o Reino Unido deixará a União Europeia em 31 de outubro

Boris Johnson: Ex-prefeito de Londres assume oficialmente como primeiro-ministro britânico nesta quarta-feira (24) (Agence France-Presse/AFP)

Boris Johnson: Ex-prefeito de Londres assume oficialmente como primeiro-ministro britânico nesta quarta-feira (24) (Agence France-Presse/AFP)

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AFP

Publicado em 24 de julho de 2019 às 12h49.

Londres — Boris Johnson se tornou oficialmente nesta quarta-feira o novo primeiro-ministro britânico depois de ter sido recebido pela rainha Elizabeth II, informou o Palácio de Buckingham em um comunicado.

Uma foto divulgada pelo palácio mostra Johnson se curvando e apertando a mão da rainha.

Em seu discurso, Johnson disse que o Reino Unido sairá da União Europeia em 31 de outubro "sem 'se' nem 'mas'".

Falando em Downing Street, Johnson disse que vai fazer "um novo acordo, um acordo melhor" com a União Europeia.

"Vamos cumprir as promessas repetidas do Parlamento para o povo e sair da UE em 31 de outubro, sem se nem mas", disse.

Brexit

O Brexit estava programado inicialmente para 29 de março, mas foi adiado para 31 de outubro. O primeiro grande problema do novo premiê é ser capaz de manter a maioria no Parlamento de 650 membros. May governou graças ao apoio dos dez deputados do Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), que defendem a união da Irlanda do Norte com o Reino Unido.

A saída da UE criou um problema aparentemente sem solução. Ao deixar o mercado comum europeu, Londres precisa restabelecer a fronteira física entre a Irlanda (parte da UE) e a Irlanda do Norte. Na prática, significa instalar postos de aduana para fiscalizar a passagem de mercadorias – o que prejudica a livre circulação e afeta a economia em ambos os lados.

Restabelecer postos de controle também pode ressuscitar um conflito histórico. O Tratado da Sexta-Feira Santa, que pacificou a região, em 1998, determina expressamente que não pode haver fronteira física na ilha. Por isso, May inventou um mecanismo chamado “backstop”, pelo qual a Irlanda do Norte permanece no mercado comum até que se encontre uma solução para o controle aduaneiro.

O problema é que o DUP não aceita que a Irlanda do Norte viva sob um regime comercial diferente do Reino Unido – o partido considera o “backstop” uma unificação de fato da Irlanda. Johnson já descartou o mecanismo. A UE respondeu, afirmando que não renegociará o tratado de saída. Assim, o Reino Unido se aproxima perigosamente de um Brexit sem acordo, o que afetaria ainda mais a já combalida economia britânica.

No fim de semana, Johnson disse que a solução para o problema será uma tecnologia que ainda não existe. “Se eles (americanos) conseguiram retornar da Lua à atmosfera da Terra, em 1969, com um código informático artesanal, poderemos resolver o problema de um comércio sem atrito na fronteira da Irlanda do Norte”, escreveu ele em sua coluna no jornal Telegraph.

A solução não convenceu muitos membros do partido, que ensaiam uma debandada. Na segunda-feira, 22, o secretário para a Europa, Alan Duncan, renunciou diante da iminente vitória do ex-chanceler. “Johnson é a última pessoa que poderia obter progressos na negociação com a UE”, disse. Philip Hammond, secretário do Tesouro, e David Gauke, secretário de Justiça, também anunciaram que farão o mesmo nesta terça, assim que Johnson for confirmado como premiê.

Herança

O novo primeiro-ministro britânico herdará uma economia que pode estar caminhando para uma desaceleração ou mesmo recessão, enfraquecendo suas armas em uma batalha que o país enfrentará para deixar a União Europeia.

Tendo desafiado as previsões de uma recessão após o choque do Reino Unido ter votado para deixar a UE em 2016, a quinta maior economia do mundo está emitindo sinais de alerta sob o peso da incerteza sobre o Brexit e uma desaceleração global.

Dados que serão divulgados no dia 9 de agosto, pouco mais de quinze dias após o início do mandato de Johnson como primeiro-ministro, podem mostrar que a produção econômica encolheu no segundo semestre pela primeira vez desde 2012.

Uma grande parte da fraqueza é provavelmente temporária: empresas correram no início de 2019 para se preparar para o fim do primeiro prazo do Brexit em março, antecipando trabalhos, enquanto as montadoras fecharam suas portas como o de costume em abril, também para evitar o caos do Brexit.

Mas a desaceleração em muitos setores piorou com o segundo trimestre, com o prazo do Brexit adiado para 31 de outubro, segundo Índices de Gerentes de Compras.

“As pesquisas foram particularmente fracas em junho, sugerindo que o ritmo de crescimento deve permanecer fraco”, alertou o Escritório Britânico de Responsabilidade Orçamentária (OBR) na semana passada. “Isso aumenta o risco de que a economia esteja entrando em uma recessão completa.”

Também houve sinais de enfraquecimento do “boom” de empregos que cortou o desemprego ao nível mais baixo desde 1975 e aumentou os salários no processo.

“Olhando para o primeiro semestre do ano, na minha opinião, o crescimento do Reino Unido está atualmente abaixo do seu potencial, e depende da resiliência dos gastos das famílias”, disse o presidente do banco central britânico, Mark Carney, este mês.

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