Policiais patrulham a Assembleia Nacional da Venezuela, em Caracas, no dia 26 de janeiro de 2016 (FEDERICO PARRA/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2016 às 19h02.
Quatro explosivos conhecidos como "bombas panfletárias" explodiram, nesta terça-feira, perto do Parlamento venezuelano em Caracas, sem deixar feridos, ou causar danos, em um ato que a oposição atribuiu a setores próximos ao governo do presidente Nicolás Maduro.
O Ministério Público informou em um comunicado que três artefatos detonaram simultaneamente nos arredores de um centro comercial e um outro na esquina onde se situa o edifício administrativo da Assembleia.
Testemunhas relataram à AFP que duas das explosões foram quase simultâneas, provocando muita fumaça e obrigando "muitas pessoas a saírem correndo do local".
"Sem dúvida alguma, é a atitude de alguém próximo ao governo, ou cúmplice daqueles que estão no poder e que desejam criar pânico para tirar o foco da discussão de temas importantes", disse o chefe da maioria opositora no Parlamento, Julio Borges, em uma coletiva de imprensa.
Os prédios do Legislativo ficam no centro histórico da capital, quase ao lado da prefeitura e da Câmara de Vereadores do município Libertador, do Conselho Nacional Eleitoral e de uma das sedes do Ministério de Relações Exteriores.
Os chamados "niples" (explosivos), com material inflamável, espalharam panfletos assinados pelas Forças Bolivarianas de Libertação (FBL), pedindo para que seja "descartada a ilusão" e que "se prepararem para os confrontos", após a tomada de controle do Legislativo por parte da oposição.
O próprio governo reconheceu essa "vitória eleitoral contundente", no pleito de 6 de dezembro.
Os folhetos denunciam "o estabelecimento de um novo pacto em Miraflores" (sede do Executivo), que teria entregado divisas "à oligarquia", enquanto a crise econômica se agrava.
Também são criticadas as altas esferas do governo, destacando que há "corrupção, clientelismo, soberba política e ausência de uma política econômica eficaz e comprometida com o povo".
Para as FBL, um grupo armado que, segundo investigações particulares, opera na fronteira com a Colômbia, há uma "direita vermelha que sequestra o processo bolivariano" e que "não compreendeu a magnitude da derrota" eleitoral.
Por isto, consideram que "é hora de tomar o governo pelas bases da revolução", posto que "os conflitos sociais são a garantia de continuidade do processo de mudança do comandante (Hugo) Chávez".
"Não há saída pacífica para a crise, e eles sabem disso", advertem.