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Bombas da Primeira Guerra ainda ameaçam campos franceses

Artefatos explosivos não detonados durante aquele conflito ainda representam uma ameaça 100 anos depois nos campos e bosques de Verdun

Crateras de bombardeio: batalha de Verdun, com 10 meses de duração, está entre os encontros mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial (Charles Platiau/Reuters)

Crateras de bombardeio: batalha de Verdun, com 10 meses de duração, está entre os encontros mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial (Charles Platiau/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2014 às 14h52.

Verdun - Os campos e bosques ao redor de Verdun, a região de uma das batalhas mais devastadoras e prolongadas da Primeira Guerra Mundial, podem parecer tranquilos, mas artefatos explosivos não detonados durante aquele conflito ainda representam uma ameaça 100 anos depois.

A batalha de Verdun, com 10 meses de duração, está entre os encontros mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial. Foi uma chuva implacável de disparos que matou centenas de milhares de soldados alemães e franceses de fevereiro a dezembro de 1916.

Os presidentes da França e da Alemanha, François Hollande e Joachim Gauck, participaram de cerimônias de homenagem na Alsácia e Liege, no domingo e segunda-feira, para marcar o início da guerra e reafirmar a solidariedade franco-alemã.  Nesta área do nordeste da França, e do outro lado da fronteira, na Bélgica, as memórias da guerra ainda estão presentes. 

Os agricultores e visitantes de Verdun dizem encontrar regularmente peças de artilharia e granadas descartadas, vestígios da guerra que ainda são potencialmente letais.  "Eu não posso te dizer quantas vezes eu os encontro", disse Roland Dabit, morador da aldeia vizinha de Somogneux.  "Mesmo na floresta. Quantos há na floresta? Quantos? Acredite em mim, quando vamos colher cogumelos eu vejo uma centena de projéteis", disse Dabit à Reuters.

  O agricultor Alain Doyen diz que depois de lavrar a terra em seus campos, muitas vezes ele encontra antigas bombas alemãs.  "É um pouco assustador às vezes, porque quando você está no meio do campo não tem vontade de tocá-las", disse Doyen. "É melhor não deixá-las no meio dos campos, então eu tento movê-las para o lado." 

Uma unidade para o controle de bombas na cidade vizinha de Metz está atribulada com as inúmeras solicitações por telefone de moradores e recolhe cerca de 40 toneladas de munições a cada ano.

Todos os dias uma equipe de duas pessoas patrulha a região de Verdun procurando artefatos, cerca de 1 milhão dos quais foram disparados pelos alemães, em apenas uma das primeiras batalhas.  Esse bombardeio pesado resulta em uma média de seis artefatos a cada metro quadrado de terra na área da batalha.

"Se você tem um milhão de projéteis lançados -além de todos aqueles que caíram depois- a movimentação no solo inevitavelmente enterra um grande número de artefatos que não explodiram", disse Guy Momper, um dos 10 especialistas na unidade. 

A construção de novas casas revela regularmente grandes quantidades de projéteis durante as escavações, um atraso que muitas vezes precisa ser considerado na decisão de construir uma casa nova no setor.  "Hoje precisamos de mais espaço, vamos construir novas casas, e o que acontece? Nós movemos a terra.

Quando você agitar a terra, você mantém o legado desta guerra que são os projéteis, as granadas e morteiros", disse Momper.  "Então, nesse sentido, a guerra não acabou", acrescentou. "E eu acho que, na área onde estamos agora, ela vai continuar por 100 ou 200 anos." Números precisos sobre o número de mortes devido a artefatos que explodiram nessas condições são difíceis de encontrar, mas dois especialistas da unidade de Metz foram mortos em 2007, após a explosão de uma bomba que estavam transportando.

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