Israel: Bolívia rompeu relações com o país após ataques em Gaza. (Samuel Corum / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 1 de novembro de 2023 às 11h09.
O governo da Bolívia rompeu nesta terça-feira, 31, as relações diplomáticas com Israel em repúdio à ofensiva realizada na Faixa de Gaza, após o ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro que matou mais de 1,4 mil israelenses. Em outro sinal de descontento diplomático, os governos do Chile e da Colômbia convocaram para consultas seus embaixadores em Tel-Aviv.
Os três países tem presidentes de esquerda: Luis Arce, na Bolívia, Gabriel Boric, no Chile, e Gustavo Petro, na Colômbia. Em resposta, Israel acusou a Bolívia de capitular diante do terrorismo.
"A Bolívia tomou a decisão de romper relações diplomáticas com o Estado de Israel em repúdio e condenação à agressiva e desproporcional ofensiva militar israelense realizada na Faixa de Gaza", indicou o vice-chanceler Freddy Mamami.
Não é a primeira vez que a Bolívia corta relações com Israel em consequência de uma operação em Gaza. Em 2009, o governo de Evo Morales - ex-aliado de Arce - tomou a mesma determinação por um ataque israelense na Faixa de Gaza.
"A decisão do governo da Bolívia de romper os laços diplomáticos com Israel é uma capitulação diante do terrorismo e ao regime dos aiatolás do Irã", afirmou nesta quarta-feira, 1º, o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Lior Haiat. "O governo boliviano se alinha com a organização terrorista Hamas, que massacrou mais de 1.400 israelenses e sequestrou 240 pessoas, incluindo crianças, mulheres, bebês e idosos."
O Chile, por sua vez, convocou seu embaixador em Tel-Aviv para consultas na noite de terça-feira sobre "as violações inaceitáveis do Direito Internacional Humanitário que Israel cometeu na Faixa de Gaza", segundo um boletim do Ministério das Relações Exteriores do governo Gabriel Boric.
"O Chile condena veementemente e observa com grande preocupação que estas operações militares - que neste momento do seu desenvolvimento implicam punição coletiva da população civil palestina em Gaza - não respeitam as normas fundamentais", afirmou o governo.
Na mesma linha, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, convocou seu embaixador em Tel-Aviv. "Se Israel não parar o massacre do povo palestino, não poderemos estar lá", acrescentou o primeiro presidente na sua conta no X, o antigo Twitter.
O Hamas lançou a "Operação Al-Aqsa Flood" para, segundo alega, defender a mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, palco de tensões entre palestinos e israelenses.
A Faixa de Gaza é um região palestina localizada ao leste do território israelense, a oeste pelo Mediterrâneo e ao sul pelo Egito. Mais de dois milhões de palestinos vivem na região, com quase 6.000 habitantes por km² — uma das densidades populacionais mais altas do mundo.
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) não reconhece o Hamas como um grupo terrorista. Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e nações da União Europeia apontam que o Hamas é uma organização terrorista.
Ismail Haniyeh lidera o Hamas desde 2017 e reside em Doha, Catar, desde 2020 devido às restrições de saída e entrada em Gaza, que enfrenta bloqueios em suas fronteiras tanto com Israel quanto com o Egito.
Na sua Carta de Princípios de 1988, o Hamas declarou que a Palestina é uma terra islâmica e não reconhece a existência do Estado de Israel.