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Bolívia não quer "pessimismo" sobre relação com Brasil

O presidente boliviano, Evo Morales, convocou na semana passada o embaixador Kinn como uma reação perante a decisão do Congresso brasileiro pelo impeachment


	David Choquehuanca: "não queremos que os brasileiros fiquem mal"
 (AFP)

David Choquehuanca: "não queremos que os brasileiros fiquem mal" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2016 às 15h00.

La Paz - O chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, pediu nesta segunda-feira que a situação das relações de seu país com o Brasil após a mudança de governo, que provocou uma chamada a consultadas do embaixador José Kinn, não deixe um ar de "pessimismo"

"Considero que não temos que ser pessimistas. Como digo, é nossa obrigação trabalhar no aprofundamento das relações com todos", disse o ministro em entrevista à Agência Efe ao ser consultado sobre o risco da relação se agravar.

O presidente boliviano, Evo Morales, convocou na semana passada o embaixador Kinn como uma reação perante a decisão do Congresso brasileiro pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, algo que o governante considerou um "golpe parlamentar".

Morales expressou essa posição na quarta-feira em um tweet no qual condenou "o golpe parlamentar contra a democracia brasileira" e expressou seu apoio a Dilma, ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula Da Silva "e a seu povo nesta hora difícil".

A região, segundo o ministro, deve se preocupar com o que está ocorrendo no Brasil, porque "não queremos que os brasileiros fiquem mal" e advogou por seguir trabalhando "pela integração e unidade".

Choquehuanca acrescentou que ele não "pode julgar" o ocorrido no Brasil, mas considerou que o povo brasileiro assistiu um pouco "meio adormecido" ao fato de Dilma, com os votos de 54 milhões de pessoas, tenha sido tirada do poder por "menos de cem pessoas".

Choquehuanca também disse que Morales convocou Kinn para ter uma informação direta sobre o Brasil, mas ressaltou que a Bolívia "não está retirando" seu diplomata, como fez a Venezuela, embora não sabe quando o mesmo voltará a suas funções em Brasília.

Além disso, considerou "normal na prática diplomática" fazer um chamado a um embaixador às vezes "em situações difíceis".

O ministro se referiu ao tema ao ser consultado sobre palavras reproduzidas em veículos de imprensa de La Paz do novo chanceler do Brasil, José Serra, que lamentou que a Bolívia e Equador tenham convocado seus embaixadores e criticou a decisão da Venezuela.

Serra opinou que a Bolívia e Equador deram "um tiro nos próprios pés" e ambos países "poderiam aprender a fazer democracia com o que ocorreu no Brasil", segundo citaram os veículos de imprensa.

Choquehuanca disse que a reação de Serra "não é normal" e que possivelmente se deva a outros interesses ou a um "nervosismo".

Segundo sua opinião, as declarações não têm que orientar o trabalho na Bolívia e Brasil porque ambos "têm uma relação intensa" e a obrigação de "construir relações de irmandade".

"Nós seguimos trabalhando, nosso ministro da Energia segue trabalhando, há notas que vão e vêm, esta relação é fluente. Em breve chega uma delegação do Brasil para ver alguns temas em nível técnico", sustentou o ministro.

"Também temos que ter flexibilidade para superar estes temas", acrescentou.

Bolívia e Brasil devem negociar a renovação do contrato de compra e venda de gás natural boliviano que termina em 2019 e além disso têm planos para construir hidrelétricas na Amazônia e discutem sobre um projeto de uma ferrovia bioceânica.

Sobre as palavras de Serra de que Bolívia deve aprender com o que está ocorrendo no Brasil, Choqueuhanca disse que "não só se aprende a partir de experiências positivas, mas também de negativas". EFE

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