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Bolívia, Brasil, Itália: quem ganha com Battisti?

Bolsonaro contava com a passagem do italiano pelo Brasil, mas ele foi direto à Itália. Morales poderá explorar o trunfo da competência no episódio

O AVIÃO QUE LEVOU BATTISTI: da direita à esquerda, os grandes partidos italianos comemoraram sua extradição  / REUTERS/Stringer

O AVIÃO QUE LEVOU BATTISTI: da direita à esquerda, os grandes partidos italianos comemoraram sua extradição / REUTERS/Stringer

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 03h33.

Última atualização em 14 de janeiro de 2019 às 11h16.

Cesare Battisti volta nesta segunda-feira à Itália para cumprir as duas penas de prisão perpétua pelas quais foi condenado. Sua captura foi comemorada por todas as alas da política italiana, da esquerda à direita. O ministro do Interior, Matteo Salvini, afirmou que a “mamata” acabou, e agradeceu o governo brasileiro. Salvini agradeceu ao governo brasileiro por ter “tirado a proteção” do italiano, mas o fato é que o Brasil, depois de não ter impedido sua fuga, acabou não participando de sua extradição para a Itália.

O ex-militante condenado à prisão perpétua seguiu diretamente da Bolívia para a sua terra natal, no domingo, 13. Com isso, Jair Bolsonaro perdeu a chance de cumprir uma de suas promessas de campanha, enquanto o Ministério de Relações Exteriores (MRE) perdeu a oportunidade de mudar a imagem criada nas primeiras semanas do ano.

Desde que o novo governo tomou posse, o MRE se vê cercado por episódios controversos. Um deles foi o impasse da exoneração do então presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Alecxandro Carreiro, na semana passada. A demissão foi anunciada pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, mas, segundo Carreiro, o único que poderia exonerá-lo seria o presidente – que o fez horas depois.

Outro assunto que tem colocado a pasta sob os holofotes é a possibilidade de o Brasil abandonar o Acordo de Paris, mesmo com votos contrários como o do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Seja como for, já está certa a extinção da Subsecretaria-Geral de Meio ambiente, Energia, Ciências e Tecnologia, que comandava a divisão de Mudança Climática, no MRE.

Portanto, a extradição de Battisti parecia ser a oportunidade ideal para que o Itamaraty e a Justiça (que tem enfrentado uma crise de segurança nos estados, em especial no Ceará) mudassem o rumo das manchetes. Sergio Moro, ministro da Justiça, pelo menos, poderá desfrutar de uma notícia positiva nesta segunda ou terça-feira depois da divulgação do decreto que facilita a posse de armas no Brasil.

O presidente boliviano Evo Morales, por sua vez, se reposiciona politicamente com a prisão do italiano. Morales busca em 2019 seu quarto mandato como presidente, e tenta não se indispor politicamente com o novo governo brasileiro. O trunfo de eficiência na prisão de Battisti ninguém tira dele.

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