Bolívia: professor boliviano Wilgredo Negrete Jardin dá aula para uma aluna em sua casa em Aiquile, no departamento de Cochabamba (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 12 de julho de 2020 às 20h28.
Última atualização em 13 de julho de 2020 às 18h09.
Os estudantes da Bolívia não serão reprovados este ano, devido à situação crítica provocada pela pandemia do novo coronavírus, anunciou neste domingo (12) o ministro da Educação, Víctor Hugo Cárdenas.
"Este ano não haverá reprovação alguma de nenhum estudante nos níveis pré-escolares, fundamental e médio", disse o ministro em coletiva de imprensa.
Ele justificou a decisão pela situação causada pela pandemia da covid-19. Neste contexto, "não é admissível falar de reprovação dos estudantes", destacou.
Professores e pais de alunos questionam a suspensão das aulas presenciais e a passagem para a educação à distância devido ao alto número de lares que carecem de conexão à internet ou de seu custo em um momento em que a renda das famílias minguou devido à diminuição da atividade econômica.
Professores rurais iniciaram na sexta-feira em Lahuanchaca (a 125 Km de La Paz) uma marcha até a sede do governo para exigir um recuo do governo e a renúncia do ministro da Educação.
"As exposições dos dirigentes saem do campo educacional e entram perigosamente no território da política, no questionamento ao governo e na desestabilização da convivência democrática", afirmou Cárdenas.
Dirigentes da Central Operária Boliviana, principal organização sindical do país, vinculada ao ex-presidente Evo Morales, convocaram para a terça-feira um protesto para defender o caráter público da saúde e da educação.
Cárdenas lamentou que os professores não tenham respondido ao seu convite de dialogar com a mediação da Igreja Católica e que insistam no "retorno imediato às aulas presenciais", quando a curva da pandemia está em ascensão.
A covid-19 deixou até agora na Bolívia 1.754 mortos e mais de 47.000 contágios.
O ministro advertiu para a possibilidade de um encerramento antecipado do ano escolar caso persistam as pressões sindicais.
"Se a teimosia e a polarização da dirigência do magistério continuarem, o cenário do encerramento do ano escolar é uma alternativa", disse.