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Boko Haram divulga vídeo e quer trocar jovens por presos

Grupo divulgou um vídeo no qual mostra estudantes sequestradas, e destaca que vítimas serão libertadas apenas em caso de troca com jihadistas detidos


	Jovens sequestradas pelo Boko Haram: no total, 276 adolescentes foram sequestradas
 (AFP)

Jovens sequestradas pelo Boko Haram: no total, 276 adolescentes foram sequestradas (AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 13h00.

Lagos - O grupo islamista Boko Haram divulgou nesta segunda-feira um novo vídeo, no qual mostra estudantes nigerianas sequestradas em abril, afirma que as jovens foram convertidas ao islã, e destaca que as vítimas serão libertadas apenas em caso de troca com jihadistas detidos.

Mas o governo nigeriano descartou liberar presos islamitas em troca da libertação das mais de 200 adolescentes sequestradas.

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, fala durante 17 minutos em um vídeo obtido pela AFP, que mostra em seguida quase 130 adolescentes vestindo hijabs que cobrem todo o corpo, rezando ao ar livre em um local não identificado.

No total, 276 adolescentes foram sequestradas em 14 de abril em Chibok, no estado de Borno (nordeste da Nigéria), que tem uma importante comunidade cristã.

Segundo as informações mais recentes, 223 jovens continuam desaparecidas.

O vídeo mostra quase 130 adolescentes vestidas com longos véus pretos e cinzas, que permitem observar seus rostos, sentadas no chão a céu aberto, cercadas por árvores e recitando o primeiro capítulo do Alcorão.

Em nenhum momento do vídeo, que tem duração total de 27 minutos, Shekau aparece ao lado das estudantes do ensino secundário, que parecem tristes e resignadas, mas não aterrorizadas.

Duas adolescentes afirmam que eram cristãs e se converteram ao islã, enquanto uma terceira declara que já era muçulmana.

Uma jovem diz que as reféns não são maltratadas.

Não há nada que permita descobrir onde o vídeo foi filmado. A qualidade das imagens é muito melhor que a dos vídeos divulgados anteriormente pelo grupo islamista.

Em um determinado momento, um homem armado aparece no local, com uma câmera de vídeo na mão.

Durante o discurso, Abubakar Shekau aparece diante de um fundo verde com um uniforme militar e uma arma automática.


O líder do Boko Haram, que fala primeiro em árabe e depois em hausa, a língua mais utilizada na região norte da Nigéria, reivindica mais uma vez o sequestro em massa de Chibok, o que já havia feito em um vídeo divulgado na segunda-feira da semana passada, e afirma que converteu as reféns ao islã.

Mas pouco depois da divulgação do vídeo, o governo nigeriano descartou liberar presos islamitas em troca da libertação das jovens, como exige o grupo islamita.

Ao ser questionado se o governo recusaria a proposta feita pelo líder do Boko Haram em um vídeo, o ministro do Interior, Abba Moro, respondeu à AFP: "Com certeza".

O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, já havia afirmado acreditar que as jovens estavam na Nigéria e que seriam libertadas em breve.

Pressão internacional

No cenário internacional, um grupo de mulheres e de associações de defesa dos direitos humanos organizou um protesto em Dacar, capital do Senegal, contra o sequestro das jovens nigerianas. A manifestação aconteceu nas proximidades da embaixada da Nigéria.

De acordo com a imprensa estatal, o presidente do Níger, Mahamadu Isufu, se reuniu com uma alta funcionária do governo americano para abordar o "problema" representado pelo Boko Haram.

Boko Haram ("A educação ocidental é um pecado" em língua hausa), que deseja impor a lei islâmica no norte da Nigéria, matou milhares de pessoas desde 2009 e atacou escolas do nordeste do país em várias oportunidades.

A maioria dos ataques recentes ocorreu no nordeste da Nigéria, reduto histórico do grupo, onde o exército mantém uma grande ofensiva contra os islamitas.

Em 2009, o exército entrou em Maiduguri, bastião do grupo islamista, e matou mais de 700 pessoas, incluindo o carismático líder do Boko Haram, Mohamed Yusuf.

A Nigéria, maior produtor africano de petróleo, está dividida entre o norte de maioria muçulmana e o sul de maioria cristã.

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