Em 2011, os empréstimos liberados para o setor de infraestrutura totalizaram 56 bilhões de reais, alta anual de 7 por cento (Delatfrut/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 18h01.
São Paulo - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende liberar cerca de 19 bilhões de reais para o setor de energia em 2012, disse o presidente da instituição, Luciano Coutinho, a jornalistas nesta quarta-feira.
O aumento, em relação aos 16 bilhões de reais liberados em 2011, deve ser puxado pela expansão das energias renováveis e vai incluir o empréstimo expressivo para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
"O primeiro empréstimo se esgotou e, enquanto o consórcio organiza a documentação dos novos sócios, pretendemos fazer um segundo empréstimo até o empréstimo definitivo", disse.
Coutinho evitou fazer uma projeção para o montante total que o BNDES pretende liberar neste ano. Segundo ele, isso depende de possíveis desdobramentos da crise de dívida na Europa, o que pode congelar as linhas de crédito bancárias e fazer o banco ter que preencher algumas lacunas.
Os desembolsos do BNDES totalizaram 139,68 bilhões de reais no ano passado, uma queda de 17 por cento em relação a 2010, quando o montante havia alcançado 168,4 bilhões de reais.
Em 2011, os empréstimos liberados para o setor de infraestrutura totalizaram 56 bilhões de reais, alta anual de 7 por cento.
Outro segmento que recebeu mais recursos em 2011 relação ao ano anterior foi o de comércio e serviços, com avanço de 8 por cento, a 29,1 bilhões de reais.
Por outro lado, as liberações para agricultura e indústria caíram 4 e 44 por cento, respectivamente, para 9,7 bilhões e 43,8 bilhões de reais.
Coutinho afirmou que se a operação de capitalização da Petrobras fosse excluída dos cálculos do desempenho anual, a redução nas liberações do banco em 2011 teria sido de apenas 3 por cento.
Ele ponderou ainda que se dos cálculos fossem retirados os programas de apoio emergencial do banco criados para enfrentar a crise global de 2009, e que perduraram até o ano passado, o volume real de liberações do BNDES em 2011 teria crescido 6 por cento.
"Criamos linhas de capital de giro, que não é o perfil do banco, programas especiais de apoio a exportação de manufaturados leves, agricultura, linhas que tiveram papel importante e foram suprimidas", destacou ele.
Os dados do BNDES mostram que as liberações para empresas do Nordeste cresceram 9 por cento em termos de volume ao passo que para a região sudeste caíram 30 por cento.
Coutinho acrescentou que aguarda um desfecho mais claro da crise fiscal europeia e suas consequências para o mercado de crédito mundial para definir uma estimativa para os desembolsos para 2012.
"O cenário global ainda é incerto. Será um ano difícil, com muita volatilidade, mas a economia interna tem condições de sustentar um crescimento de 4,5 por cento, mas não sabemos como a crise bancária europeia pode afetar a grande empresa brasileira e as condições de financiamento", complementou.