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Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2010 às 17h52.
São Paulo - O Banco Mundial (BM) descartou hoje que a abundância de matérias-primas seja adversa para o desenvolvimento econômico da América Latina e afirmou que a exportação destes produtos para a China está contribuindo para a recuperação regional.
"O peso das evidências econômicas e estudos de registros históricos indicam que a 'maldição das matérias-primas' - ou seja, que a abundância de recursos naturais truncaria o crescimento a longo prazo -, se existe, não é forte nem inevitável", diz o estudo do organismo multilateral apresentado hoje em São Paulo.
Segundo o documento, a crescente demanda dos mercados asiáticos, especialmente da China, "está contribuindo para uma recuperação do crescimento econômico na medida em que a região sai da crise global".
O levantamento, intitulado "Recursos naturais na América Latina e no Caribe: Indo além de altas e baixas", acrescenta que o destino das exportações de matérias-primas se deslocou dos países desenvolvidos para as economias emergentes.
Entre 1990 e 2008, os Estados Unidos diminuíram de 44% para 37% sua participação como destino das matérias-primas latino-americanas.
Nesse mesmo período, as vendas para China aumentaram mais de dez vezes, até representar 10% do total.
"A rapidez da recuperação da América Latina e sua resistência à crise econômica global podem ser atribuídas em parte ao aumento das exportações de matérias-primas da região para as economias emergentes da Ásia", segundo o economista-chefe do Bird para a América Latina e o Caribe, Augusto de la Torre.
No entanto, o documento também alerta que uma gestão deficiente desses recursos potencializa riscos. Para evitar isso, é necessária a aplicação de ações concretas, especialmente em política fiscal, para resistir aos ciclos de preços.
O relatório recomenda ajustar o gasto público à volatilidade da receita gerada pelas matérias-primas a curto prazo e diversificar a base tributária, além de administrar a riqueza da melhor forma possível.
"O desafio a longo prazo é administrar bem essa bonança e destinar esse lucro a investimentos em capital humano, construir uma infraestrutura melhor e promover a inovação, elementos fundamentais do crescimento sustentado", acrescentou de la Torre.
O levantamento sugere ainda a estabilização planejada dos lucros e a criação de fundos de poupança como medida para lidar com a instabilidade cíclica da renda que geram as matérias-primas.
Na atualidade, mais de 97% do Produto Interno Bruto (PIB) da região procede de países exportadores de matérias-primas, e 93% de sua população vive em nações que estão colhendo os lucros dos altos preços destes recursos naturais.
"Se a região for capaz de se manter afastada dos ciclos de altas e baixas comuns no passado, os recursos naturais podem ser uma bênção", diz o documento.
De acordo com o relatório, também não há sinais de "maldição política", ou seja, indícios de que as riquezas naturais debilitem as instituições democráticas e aumentem o risco de conflitos políticos na América Latina.
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