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Bispo diz que Bento XVI sabia de abusos sexuais

O religioso diz ter alertado o Pontífice para casos na Austrália


	O papa Bento XVI teria sido pessoalmente advertido sobre um caso de abuso sexual de menores em uma escola católica de Toowoomba
 (REUTERS/Giampiero Sposito/Reuters)

O papa Bento XVI teria sido pessoalmente advertido sobre um caso de abuso sexual de menores em uma escola católica de Toowoomba (REUTERS/Giampiero Sposito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2014 às 17h22.

São Paulo - O papa Bento XVI teria sido pessoalmente advertido sobre um caso de abuso sexual de menores em uma escola católica de Toowoomba, no nordeste da Austrália, mas teria ignorado as convocações do bispo da diocese, Bill Morris, para estender o seu mandato e deixá-lo lidar com a situação.

A afirmação foi feita pelo próprio Morris em seu recém-publicado livro "Benedict, Me and the Cardinals Three". O bispo conta que escreveu ao papa Bento XVI pedindo uma prorrogação de seu mandato para promover uma mediação em um caso de abuso sexual em uma das escolas locais, mas o Pontífice rejeitou o seu pedido.

O bispo Morris, conhecido e muito popular entre seus seguidores por suas ideias progressistas, havia sido deposto pelo papa Bento XVI em maio de 2011, em um caso amplamente coberto pela mídia, por sua posição progressista a favor do sacerdócio feminino e por suas críticas contra os abusos no clero.

O bispo sustentava, entre outros, que o hábito de sigilo do Vaticano havia criado condições para que os abusos fossem propagados. A correspondência entre Morris e o Vaticano mostra, de acordo com o livro, uma ignorância do impacto dos abusos sexuais no clero da Austrália.

"Não houve profundidade na compreensão dos efeitos devastadores que os abusos sexuais no clero havia sobre as famílias e a comunidade em toda a Austrália", escreve Morris.

O bispo afirma que tentou explicar "como os abusos denigrem a psique de uma comunidade, com o efeito debilitante sobre alguns indivíduos ao ponto de não confiarem mais na Igreja e em seus ministros", mas os alto funcionários do Vaticano "não queriam saber".

A resposta, de um cardeal de alto escalão, foi que "nem todos os padres são assim" e que as vítimas "deveria seguir com suas vidas". 

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