Mundo

Bin Laden: codinome 'Geronimo' ofende índios americanos

Nome usado para se referir ao terrorista pelos serviços secretos americanos é o mesmo de um famoso chefe indígena

O líder apache Geronimo: índios não gostaram do nome ser usado para denominar Bin Laden (W. H. Martin/American Memory from the Library of Congress/Wikimedia Commons)

O líder apache Geronimo: índios não gostaram do nome ser usado para denominar Bin Laden (W. H. Martin/American Memory from the Library of Congress/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 14h42.

Washington - O emprego do nome do chefe apache Geronimo, como código da operação militar americana, durante a qual foi eliminado Osama bin Laden, vem sendo motivo de protestos de vários representantes de comunidades indígenas nos Estados Unidos.

"O emprego impróprio de ícones da cultura indígena é muito comum em nossa sociedade. Suas consequências sobre o espírito das crianças indígenas e não indígenas é devastadora", lamentou a assessora-chefe do Comitê de Assuntos Indígenas do Senado, Loretta Tuell.

Foi com o código "Geronimo-E KIA", uma contração de "Geronimo Enemy Killed in Action" (Inimigo morto em Ação), que a Casa Branca recebeu o comunicado da missão do comando das forças especiais da Marinha americana.

O Comitê vai denunciar na quinta-feira, durante uma audiência no Congresso, "a associação entre o nome de Geronimo, considerado um grande herói ameríndio, e o mais odiado dos inimigos dos Estados Unidos", afirmou Loretta Tuell, em declaração transmitida nesta quarta-feira à AFP.

O Congresso Nacional dos Índios Americanos (NCAI), a maior organização representativa, levantou-se, também, contra o uso do nome do célebre chefe apache para anunciar a eliminação do líder da Al-Qaeda.

"Associar um guerreiro índio a Bin Laden não é uma atitude justa para com a história, além de minimizar o sacrifício dos ameríndios engajados em nossas tropas", protestou em comunicado Jefferson Keel, presidente do NCAI. Ele lembrou que 77 ameríndios morreram em combate e 400 sofrem ferimentos no Iraque e no Afeganistão, desde 2001.

Chefe legendário da rebelião apache do século 19, Geronimo (1829-1909), era considerado um estrategista excepcional de guerrilha e permaneceu detido como prisioneiro de guerra durante 20 anos.

Seus restos são conservados por uma sociedade secreta da Universidade Yale, denominada Ordem dos Crânios e dos Ossos.

Em 2009, seus descendentes pediram que o corpo fosse devolvido a eles, entrando com uma ação na justiça que, no entanto, considerou a demanda irrevogável, em 2010.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Osama bin LadenPaíses ricosPolíticaPolítica no BrasilPolíticosProtestos

Mais de Mundo

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido