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Biden ou Trump? Crescimento dos EUA pode ter diferença de US$ 1 trilhão

Vitória de Trump com a Câmara e o Senado americanos divididos pode colocar o país na rota das previsões mais pessimistas feitas pela Moody’s Analytics

Trump e Biden: composição do Senado influencia previsões para a economia norte-americana (Mike Blake/Reuters)

Trump e Biden: composição do Senado influencia previsões para a economia norte-americana (Mike Blake/Reuters)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 1 de novembro de 2020 às 16h53.

A dois dias da eleição presidencial nos Estados Unidos, o presidente republicano Donald Trump mostrou um suspiro na pesquisa de Iowa divulgada na manhã deste domingo, onde ele aparece com 7 pontos de vantagens sobre o candidato democrata Joe Biden – 48% contra 41%. A vitória de Trump com a Câmara e o Senado americanos divididos pode colocar o país na rota das previsões mais pessimistas feitas pela Moody’s Analytics.

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A reeleição de Trump poderia tirar quase 1 trilhão de dólares do PIB projetado para 2024. Com Joe Biden no comando, os democratas na Câmara e republicanos no Senado, o PIB americano alcançaria cerca de 21,5 trilhões de dólares dentro de quatro anos. Já com Trump, passaria pouco dos 20,5 trilhões de dólares.

Biden na Casa Branca e o congresso dividido é a estimativa de maior probabilidade – com 40% -, segundo a Moodys. Mas a mesma situação legislativa com Trump reeleito presidente está logo atrás, com 35% de chance. No mesmo cálculo do PIB do país transposto para as previsões de empregos da Moody’s, a diferença de cenário entre a vitória do partido democrata e do republicano é de 6 milhões de postos de trabalho.

O motivo principal para essas diferenças está nos planos que cada um tem para a economia americana. Trump deve apresentar mais do mesmo: corte de impostos e pequena redução dos gastos do governo. Isso é o que se depreende das falas do presidente, uma vez que não apresentou um programa detalhado.

No caso de Biden, a rota é oposta. O democrata quer aumentar a taxação das empresas e dos mais ricos e pôr em prática um ambicioso plano de investimentos governamentais. Não se trata de um programa ditado pela esquerda radical, como diz Trump em tom de ameaça, nem de um abandono dos princípios capitalistas.

Caso ele consiga aprovar seus planos mais ambiciosos — o que vai depender de uma vitória democrata nas eleições para o Senado, algo ainda incerto, os Estados Unidos serão um país mais verde, mais acolhedor aos imigrantes, mais comprometido com a educação e com a saúde financiada pelo governo. O programa de Biden fala em investimentos de 7,3 trilhões de dólares nos próximos dez anos, que vão de infraestrutura a educação e ampliação da concessão de benefícios.

O aumento de impostos previsto cobre pouco mais da metade dessa conta, mas os analistas acreditam que potenciais efeitos negativos da taxação extra serão compensados de outras maneiras. “Não estamos falando simplesmente de aumentar o tamanho do governo”, disse à EXAME Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics e coautor de um relatório que avaliou os planos de Biden e Trump. “Estamos numa situação de crise, com desemprego, juro zero e baixa inflação. Nesse contexto, faz sentido um plano fiscal agressivo de investimentos.”

Os Estados Unidos nunca viram uma eleição presidencial como a de 2020. A recessão causada pela pandemia é uma das mais graves da história. Estima-se uma contração de 4% no PIB deste ano — um dado mais promissor do que as previsões catastrofistas de alguns meses atrás, mas ainda assim preocupante.

Ainda não se sabe que letra será lida na curva do gráfico do PIB. Os mais otimistas enxergaram contornos de um “V”, um repique motivado em grande parte pelo pacote de estímulo econômico aprovado no começo da pandemia.

Mas esse dinheiro está acabando, e não há sinal de acordo no Congresso para uma segunda dose – o déficit do orçamento do governo já tinha fechado 2019 em 980 bilhões de dólares, quadro o dobro do saldo de cinco anos antes. Outros consideram mais razoável uma recuperação mais lenta, na forma da letra “U”. O cenário mais pessimista é o de uma recuperação em “L”: anos de dificuldades econômicas e desemprego em alta.

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