Joe Biden, presidente dos EUA, faz discurso do Salão Oval (Erin Schaff/AFP)
Redação Exame
Publicado em 21 de julho de 2024 às 15h51.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo, 21, que não disputará mais a reeleição.
Biden postou uma carta informando a decisão em seu perfil no X.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, disse.
O nome que o sucederá na campanha presidencial pelo Partido Democrata ainda será definido. O processo de substituição não está claro e poderá levar o partido a uma situação de caos.
Embora no passado dois presidentes americanos tenham decidido não concorrer à reeleição em março do ano em que a votação foi realizada, se Biden se retirar será a primeira vez que alguém o faz tão tarde no processo eleitoral.
Esta é a primeira vez que um candidato desiste depois de alcançar a maioria dos delegados no processo primário e menos de um mês antes da Convenção Democrata, marcada para 19 a 22 de agosto em Chicago.
Além da decisão de quem o substituirá na corrida eleitoral, há dúvidas sobre o que será feito com o dinheiro da campanha de reeleição.
A campanha presidencial de Biden-Harris arrecadou US$ 90 milhões (quase R$ 500 milhões na cotação atual) em sua arrecadação.Se Kamala Harris for indicada como vice, sua nova chapa enfrentará poucas interrupções financeiras. Harris terá acesso imediato ao fundo disponível. O ex-presidente Donald Trump e os republicanos atingiram US$ 116 milhões em fundos, segundo a Reuters.
Outra possibilidade é que se Harris não for anunciada como vice, os US$ 91 milhões serão devolvidos aos doadores, ou a poderá transferir esse montante para um super PAC federal que poderá investir o dinheiro em publicidade para a nova chapa democrata.
Apesar de todos estes obstáculos, o Comitê Nacional Democrata (DNC), responsável pela organização da convenção, tem regras para substituir Biden.
Joe Biden deve comunicar formalmente ao DNC sua decisão de retirar-se.
O DNC realizaria então uma reunião de emergência na qual sua comissão de normas e regulamentos estabeleceria o processo para efetuar a substituição. A partir daqui, o processo pode se complicar dependendo da atitude de Biden.
O DNC pode decidir realizar uma convenção especial para nomear um novo candidato à presidência ou nomear diretamente a pessoa após consultar os líderes democratas.
Porém, essa opção é praticamente impossível por um motivo técnico: cada estado tem prazos próprios para que os nomes dos candidatos presidenciais apareçam nas urnas em novembro.
O primeiro prazo limite era até recentemente o de Ohio, 7 de agosto, embora mais tarde tenha sido aprovada uma lei estadual para alterá-lo. Devido a esta circunstância, o DNC decidiu que Biden seja ratificado como candidato democrata virtualmente e antes da convenção de agosto, como normalmente acontece.
Outro estado com datas muito antecipadas é Arkansas, em 25 de agosto, apenas três dias após o fim da Convenção Democrata. Os últimos são Rhode Island, Virgínia, Kansas, Maryland, Connecticut e Havaí, em 3 de setembro.
Com a saída de Biden, o substituto será decidido ali. O presidente teria então grande capacidade de determinar seu substituto, já que atualmente controla 3.908 dos 3.939 delegados. As leis de cada estado decidem como esses delegados devem ser escolhidos e 14 deles obrigam, inicialmente, a votar no candidato que venceu as primárias estaduais.
Biden também pode liberar seus delegados para votarem livremente em possíveis candidatos que se apresentarem. O vencedor seria o candidato que obtivesse o apoio de pelo menos 1.976 delegados.