Biden já anunciou que constitui "o conjunto de reformas mais duras" da história do país
Agência de notícias
Publicado em 4 de fevereiro de 2024 às 13h20.
O presidente americano, Joe Biden, e seu homólogo mexicano, Andrés Manuel López Obrador, concordaram, durante uma conversa por telefone no sábado (3), "continuar sua produtiva parceria" antes os desafios migratórios, informou a Casa Branca.
Essa conversa acontece em um momento crucial, já que se espera o anúncio iminente de um pacto negociado por um grupo de senadores republicanos e democratas, o qual endureceria drasticamente a política migratória dos Estados Unidos.
Embora ainda não se saiba se será aprovado pelo Congresso, Biden já anunciou que constitui "o conjunto de reformas mais duras" da história do país e que permitirá "fechar a fronteira" com o México "quando esta entrar em colapso".
Na chamada, Biden agradeceu ao México pelo "apoio operacional" e pela "adoção de medidas concretas para dissuadir a migração irregular, ao mesmo tempo em que se ampliam as vias legais", disse a Casa Branca em um comunicado.
Ambos reiteraram seu compromisso de "combater as organizações criminosas transnacionais envolvidas no tráfico ilícito de drogas, armas e pessoas" e de continuar a "estreita cooperação" para "promover oportunidades" na América Latina e no Caribe.
Os detalhes do pacto bipartidário são desconhecidos, mas tudo indica que irá endurecer a política de imigração e de concessão de asilo, uma condição imposta pelos republicanos para desbloquear no Congresso um pacote que inclui milhões de dólares para a Ucrânia, assim como fundos para Israel e para reforçar a segurança na fronteira.
"É mais do mesmo, não querem ir para o fundo", comentou López Obrador na quinta-feira.
"Imaginem o que é fechar a fronteira! Quanto tempo pode permanecer fechada? Prejudica os dois países. Não é uma opção", frisou.
O líder da Câmara de Representantes, o republicano Mike Johnson, um aliado do ex-presidente americano Donald Trump, já anunciou que o projeto de lei não tem chances de sucesso.
Os republicanos estão reticentes quanto a liberar mais dinheiro para a Ucrânia sem condicioná-lo aos resultados da guerra que trava depois de ter sido invadida pela Rússia. Querem, no entanto, autorizar recursos para Israel a todo custo.
Na tentativa de separar uma coisa da outra, Johnson anunciou no sábado que promoverá um projeto de lei apenas com ajuda para Israel. O texto seria votado na próxima semana na Câmara baixa do Congresso. A Casa Branca reagiu, chamando a proposta de "manobra política".
"Justo no momento em que o texto legislativo é iminente, os republicanos da Câmara apresentam sua mais recente e cínica manobra política. A segurança de Israel deveria ser sagrada, não um jogo político. Opomo-nos firmemente a essa manobra", disse a porta-voz Karine Jean-Pierre em um comunicado.
López Obrador também pediu a Biden que "suspenda as sanções (comerciais) contra Venezuela" e que "levante o bloqueio a Cuba e não obstaculize seu desenvolvimento", com o objetivo de reduzir os fluxos migratórios provenientes de ambos os países, informou a Presidência mexicana em um comunicado.
"Qualquer lei aprovada nessa matéria, que ignore as causas do fenômeno migratório e não as aborde está condenada a se tornar letra morta", disse o presidente mexicano a Biden, segundo o comunicado.