Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Evan Vucci / POOL / AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 7 de agosto de 2024 às 20h46.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em sua primeira entrevista desde que anunciou sua saída da corrida presidencial que "não está confiante de forma alguma" de que haverá uma transição pacífica de poder para Kamala Harris se o ex-presidente Donald Trump perder a eleição de novembro, segundo um trecho transmitido nesta quarta-feira.
— Se Trump perder, não estou confiante de forma alguma — disse Biden na entrevista, que irá ao ar integralmente no domingo, no CBS News Sunday Morning. — Ele fala sério sobre o que diz. Não levamos ele a sério. Ele fala sério... tudo isso de "se perdermos, haverá um banho de sangue, terá sido uma [eleição] roubada". (...) Você não pode amar seu país somente quando vence.
Biden se refere à fala de Trump em um comício em Ohio, em março, que gerou repercussão entre os democratas.
— Agora, se eu não for eleito, será um banho de sangue para todo o setor [automobilístico]. Isso será o de menos. Será um banho de sangue para o país — disse Trump no comício.
Na época, o porta-voz da campanha de Biden, James Singer, afirmou que significava que Trump "quer outro 6 de janeiro", referindo-se à invasão de partidários de Trump ao Capitólio em 2021, numa tentativa de interromper a certificação da vitória de Biden sobre o republicano. "O povo americano vai lhe dar outra derrota eleitoral em novembro porque eles continuam a rejeitar seu extremismo, sua afeição pela violência e sua sede de vingança", continuou Singer.
O republicano e seus aliados, contudo, afirmaram, à época, que o magnata estava se referindo às consequências econômicas da política de Biden nos EUA. "A mídia fingiu estar chocada com meu uso da palavra BANHO DE SANGUE, embora eles tenham entendido perfeitamente que eu estava me referindo simplesmente às importações [de automóveis]", postou Trump em sua rede social, Truth Social.
A questão também foi abordada durante o fatídico primeiro (e único) debate presidencial entre o democrata e o republicano — no qual o desempenho desastroso do presidente foi o grande precursor dos questionamentos a respeito de sua capacidade para continuar na disputa.
Na ocasião, Trump disse que aceitaria os resultados "se for uma eleição justa". Em seguida, o ex-presidente continuou com as conhecidas alegações infundadas de que a "fraude e todo o resto foram ridículos" na eleição de 2020.
— Vou te dizer uma coisa, duvido que você aceite porque você é um chorão — respondeu Biden em um dos únicos momentos da noite em que foi mais firme em suas declarações. — Você não consegue suportar a perda, algo quebrou em você quando você perdeu da última vez.
Após anunciar sua saída da disputa, Biden endossou a campanha pela vice-presidente Kamala Harris, que assumiu seu lugar na corrida ao lado do recém-anunciado companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz.