Joe Biden: os não vacinados seguem sendo dor de cabeça para o presidente (Sipa USA/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 6 de agosto de 2021 às 19h50.
Última atualização em 6 de agosto de 2021 às 20h09.
A expectativa nesta sexta-feira, 6, era que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usasse um pronunciamento na Casa Branca para comemorar os bons dados de criação de empregos no país divulgados nesta semana.
No entanto, a fala do mandatário americano foi menos otimista, e culpou o número de não vacinados nos EUA pela alta recente de casos de coronavírus. No país, sobram doses, mas muitos ainda não querem se vacinar.
"Minha mensagem hoje não é de celebração", disse Biden.
"É para nos lembrar que temos ainda muito trabalho a ser feito, tanto para derrotar a variante delta quanto para continuar avançando em nossa recuperação econômica."
Na manhã desta sexta-feira, o relatório oficial de empregos não agrícolas, o payroll, revelou a criação de 943.000 postos de trabalho em julho, superando as estimativas de mercado que giravam em torno de 845.000 e 870.000.
Já a taxa de desemprego americana caiu de 5,9% para 5,4%, a mínima desde o início da pandemia (o esperado era 5,7%).
O resultado ajudou as principais bolsas americanas e o Ibovespa brasileiro a fecharem em alta no pregão de hoje.
Apesar do bom resultado no mercado de trabalho, Biden voltou a se referir à covid-19 como a "pandemia dos não vacinados" e mostrou preocupação com o impacto dos novos casos de covid-19 na recuperação da economia.
Os dados de emprego foram calculados até meados de julho, e desde então, as expectativas sobre a reabertura da economia degringolaram com o aumento de casos. Uma série de empresas já anunciou adiamento dos planos de retorno ao escritório e o número de hospitalizações subiu.
Desde o começo de julho, a média móvel em sete dias de novos casos diários no país saltou da casa dos 13.000 para mais de 90.000 confirmados.
Pelo menos 80% dos novos casos de covid-19 analisados nos EUA já são da variante delta.
O número de novas mortes, felizmente, não subiu na mesma proporção, seguindo abaixo de 400 vítimas diárias, o que especialistas apontam ser provavelmente um efeito da vacinação.
Mas a situação preocupa sobretudo em regiões com menor número de vacinados, como em estados do sul e do interior do país, mais conservadores.
Biden tem entrado em embate com governos de estados onde a vacinação está baixa. Governadores como Ron DeSantis, na Flórida (estado onde Biden perdeu em 2020) relutam em voltar a exigir dos cidadãos medidas como uso de máscara.
Nesta semana, em discurso duro, Biden chegou a dizer que governadores deveriam ajudar a combater a pandemia "ou sair do caminho."
Novos estudos têm mostrado que as vacinas contra a covid-19, embora evitem a maioria dos casos graves da doença, não impedem que um infectado com a variante delta transmita o vírus para outra pessoa.
Com este cenário, ficou mais difícil conter a pandemia se mais pessoas não se vacinarem.
O governo Biden cogita oferecer um estímulo de 100 dólares por pessoa a se vacinar, como estados e cidades já têm feito.
Mais de 9 em cada 10 casos de hospitalização ou morte por covid-19 nos EUA ocorreram em pacientes que não foram completamente vacinados, segundo estudo da Kaiser Family Foundation.
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