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Biden cita conversas para doar excedente de vacinas (incluindo ao Brasil)

Na semana passada, a Casa Branca já havia informado que estuda compartilhar vacinas que sobrarem. Os EUA compraram mais doses do que o número de habitantes

Biden: EUA têm conseguido aumentar o ritmo da vacinação e casos caíram drasticamente (Kevin Lamarque/Reuters)

Biden: EUA têm conseguido aumentar o ritmo da vacinação e casos caíram drasticamente (Kevin Lamarque/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 16 de março de 2021 às 20h23.

Última atualização em 16 de março de 2021 às 20h33.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou que tem conversado com vários países sobre a possibilidade de compartilhar o excedente de vacinas contra a covid-19 do país. O assunto tem aparecido com frequência nos últimos dias em meio ao avanço da vacinação nos EUA. "Vocês saberão mais em breve", disse o democrata a repórteres na Casa Branca nesta terça-feira, 16.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, já havia dito na segunda-feira que os EUA estão "engajados" com outros países, inclusive o Brasil, na discussão de uma possível doação de imunizantes. A assessora reforçou, contudo, que a prioridade do governo Biden é vacinar a população americana.

Na semana passada, Psaki havia afirmado que os EUA negaram todos os pedidos de doação de vacinas contra o coronavírus feitos por outros países até então.

Uma das principais apostas para o compartilhamento possíveis excedentes americanos é a vacina de AstraZeneca/Oxford, que ainda não está sendo usada no país.

Psaki foi questionada, na sexta-feira, 12, sobre o estoque de doses da AstraZeneca que os EUA detêm, mas disse que o objetivo com as vacinas extras é ter "flexibilidade" na vacinação.

Na semana passada, Gonzalo Viña, porta-voz da AstraZeneca, disse que "outros governos entraram em contato com o governo americano para falar sobre a doação das doses da AstraZeneca, e pedimos ao governo americano para que considere esses pedidos", segundo nota divulgada pela empresa.

A AstraZeneca tem tido problemas com a produção sobretudo na Europa, onde teve de cortar pela metade as entregas prometidas, e negocia com o governo americano o envio das doses não usadas do país ao exterior.

Os EUA possuem um pequeno estoque de doses da AstraZeneca, que estão armazenadas em Ohio, onde uma fábrica da companhia já está produzindo a vacina. A AstraZeneca ainda não pediu autorização para o imunizante no país, porque precisa concluir os testes de fase 3 locais.

Não está claro quantas doses da AstraZeneca estão disponíveis nos EUA neste momento - segundo fontes disseram à agência Bloomberg, o estoque é de menos de 10 milhões, mas um executivo da AstraZeneca também afirmou na semana passada que espera ter 30 milhões de doses prontas assim que os EUA concederem aprovação.

A FDA, agência reguladora americana, já autorizou por ora as vacinas das americanas Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson's (as duas primeiras com a tecnologia do RNA mensageiro). Na prática, a demora em aprovar a AstraZeneca decorre também do fato de os EUA estarem conseguindo uma taxa de vacinação suficiente com os outros imunizantes, de mais de 2 milhões de doses aplicadas ao dia.

A vacina da AstraZeneca já foi autorizada em mais de 70 países pelo mundo, incluindo na União Europeia e no Reino Unido. O Brasil, por ora, comprou 4 milhões de doses prontas vindas do Instituto Serum, na Índia, o maior fabricante de vacinas do mundo. A Fundação Oswaldo Cruz entrega nesta semana as primeiras doses feitas nacionalmente.

Vacinação avança nos EUA

Como outros países desenvolvidos, os EUA compraram mais vacinas do que o tamanho da população. "É um esforço de guerra, precisamos de flexibilidade máxima", disse Biden na semana passada. Na mesma ocasião, após uma reunião com a J&J, Biden disse que, caso sobrassem vacinas, os EUA iriam "compartilhá-las com o resto do mundo".

Em seu primeiro pronunciamento na televisão americana nesta quinta-feira, Biden disse também que pretende que toda a população adulta esteja elegível para vacinação em 1º de maio. O desejo de acelerar ainda mais a vacinação pode ser um dos entraves para liberação de vacinas da AstraZeneca a outros países.

Os EUA compraram 300 milhões de doses antecipadas da vacina da AstraZeneca. Mas só com Pfizer e Moderna, o governo já tem acordo para 600 milhões de doses nos próximos meses, o suficiente para vacinar 300 milhões de americanos com duas doses, quase a totalidade da população. Da Johnson & Johnson's são outras 100 milhões de doses já confirmadas para os próximos meses e mais 100 milhões adicionais que o governo deseja comprar.

Com o avanço da vacinação, o número de mortes e casos de covid-19 tem caído drasticamente nos EUA e em outros países. Do pico, em meados de janeiro, os EUA registraram queda de cerca de 60% na média móvel de mortes em sete dias.

São até agora mais de 111 milhões de doses aplicadas nos EUA, cumprindo a meta de Biden, que desejava chegar a 100 milhões de doses antes de seus 100 dias de mandato (em meados de abril). Foram pouco mais de 33 doses aplicadas a cada 100 habitantes. Cerca de 21% da população recebeu ao menos a primeira dose e 12% já recebeu a segunda.

Com mais de 330 milhões de habitantes, os EUA são o país mais populoso a chegar a tamanha cobertura da população, perdendo somente para países menores, como Israel (onde 57% da população foi vacinada com ao menos a primeira dose), Chile (26% com a primeira dose) e Reino Unido (37%).

No Brasil, a porcentagem de vacinados está em cerca de 4%, com mais de 10 milhões de doses aplicadas. O Brasil usa até agora a vacina de AstraZeneca/Oxford e a Coronavac.

(Com Estadão Conteúdo)

 

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