Mundo

Bernanke: crise teve maior impacto sobre baixa renda

Presidente do banco central norte-americano está preocupado com recuperação do país

Ben Bernanke discursou numa conferência de desenvolvimento comunitário em Arlington, Virgínia (Mario Tama/Getty Images)

Ben Bernanke discursou numa conferência de desenvolvimento comunitário em Arlington, Virgínia (Mario Tama/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2011 às 15h05.

Washington - A crise financeira atingiu mais duramente os americanos que já eram vulneráveis antes do colapso dos mercados do que outros no país, afirmou hoje o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, sinalizando preocupações com a desigual recuperação da economia norte-americana.

Em comentários preparados para um evento da instituição, Bernanke repetiu sua visão de que a recuperação deverá continuar a um ritmo moderado. Embora o mercado de trabalho esteja melhorando lentamente, a taxa de desemprego ainda está "muito alta, particularmente entre as minorias, jovens e aqueles com menos formação", destacou o presidente do Fed.

Bernanke discursou numa conferência de desenvolvimento comunitário, em Arlington, Virgínia (EUA). Na sua primeira entrevista coletiva após a reunião de política monetária, realizada na última quarta-feira, o presidente do Fed tentou assegurar ao cético público que o Fed está fazendo tudo o que pode para controlar a inflação em meio ao aumento dos preços dos alimentos e da gasolina e para expandir a desigual recuperação econômica norte-americana que ainda não chegou a muitos cidadãos do país.

Nas declarações de hoje, Bernanke destacou que, embora a escala de problemas causados pela crise econômica tenha sido excepcional, muitos desses problemas não são novos para as famílias de renda mais baixa e comunidades que já estavam em dificuldades.

As pessoas que eram vulneráveis - aquelas com rendimentos mais baixos, poucos recursos e menos educação - tiveram mais dificuldades para resistir à tempestade financeira ou se recuperar dos retrocessos, disse o presidente do Fed.

Ele citou uma pesquisa da autoridade monetária que mostrou que as famílias com renda mais baixa continuam a experimentar um maior nível de desemprego do que as famílias com renda mais alta. Em 2009, aproximadamente um quarto das famílias na metade inferior da distribuição de renda tinham pelo um membro sem emprego durante uma parte do ano anterior à pesquisa. Essa taxa foi o dobro da observada entre as famílias de renda mais alta.

O estudo do banco central também apontou que as famílias de renda mais baixa atrasaram o pagamento de suas dívidas a uma taxa substancialmente mais elevada que a das famílias de renda mais alta.

Ajudar aqueles que são mais necessitados é um duro desafio, destacou Bernanke. Embora nenhum programa ou abordagem vá resolver os problemas, o presidente do Fed disse que a oferta responsável de crédito para indivíduos e pequenas empresas através das instituições financeiras de desenvolvimento comunitário poderá ajudar a economia e gerar receitas fiscais locais.

"Essas receitas fiscais podem ser gastas em programas para colocar imóveis vagos novamente em uso ativo, ajudando a reduzir a criminalidade, ou em formação profissional ou programas de desenvolvimento econômico, gerando mais emprego e renda salarial, o que pode ajudar os compradores de imóveis a evitarem execuções hipotecárias", disse Bernanke.

Ele disse que inúmeros projetos do Fed no país tentam ajudar comunidades locais que estão enfrentando taxas de desemprego e de execuções de hipotecas altas.

"Até que as famílias vulneráveis e comunidades em dificuldades reconquistem algum progresso, a recuperação econômica continuará incompleta", ressalto Bernanke. As informações são da Dow Jones.

Acompanhe tudo sobre:Ben BernankeEconomistasEstados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemMercado financeiroPaíses ricosPersonalidades

Mais de Mundo

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido