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Berlusconi volta aos tribunais para julgamento Mediaset

Empresa do primeiro-ministro é acusada de fraude fiscal; Berlusconi classificou o julgamento de "surreal"

SIlvio Berlusconi, premiê italiano, disse ser perseguido pela procudoria (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)

SIlvio Berlusconi, premiê italiano, disse ser perseguido pela procudoria (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2011 às 14h32.

Roma - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, retornou nesta segunda-feira ao Tribunal de Milão, duas semanas após sua última visita, para assistir ao julgamento pelo caso Mediaset, no qual é acusado por um delito de fraude fiscal.

A presença do líder, como já ocorreu no dia 28 de março com o processo Mediatrad que representou sua primeira passagem pelos tribunais em oito anos, voltou a gerar uma grande expectativa midiática e popular, com diversos partidários e críticos do político na entrada do Palácio de Justiça de Milão (norte da Itália).

A audiência de hoje, a segunda desta nova fase do caso Mediaset, ocorreu a portas abertas, embora com ausência de fotógrafos e câmeras de televisão por motivos de segurança.

O primeiro-ministro da Itália chegou por volta das 9h45 do horário local protegido por rígidas medidas de segurança e no meio da demonstração de apoio de um numeroso grupo de seguidores que se amontoava na entrada do Palácio da Justiça com cartazes.

"Infelizmente eu também sou mortal e acho que esta é a audiência número 2.565. Não há ninguém no mundo que precisou se defender mais do que eu, diretamente e com seus próprios advogados, em tantas audiências", disse Berlusconi já dentro do edifício, em declarações publicadas pela imprensa local.

Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Itália passou, como ele próprio definiu, uma "manhã surrealista", uma "perda de tempo", na qual reiterou que as acusações da procuradoria são "risíveis e infundadas" e que "nem em sonhos" haverá uma sentença condenatória porque as acusações não são verdade.

"Há uma magistratura que trabalha contra o país", sentenciou Berlusconi, que assegurou que os quatro processos penais que tem pendentes são só "midiáticos" e que comentou em tom irônico que "como há pouco para fazer no Governo", vai ao Tribunal de Milão para encontrar "outra ocupação".

"Esta é a demonstração que em nosso país chegamos a uma situação limite, por isso que é preciso reformar a Justiça (...) Essa reforma não é punitiva, mas serve para levar à magistratura a ser o que tem que ser, não o que é hoje: uma arma de luta política", apontou.

A sua saída do tribunal, Berlusconi compareceu, com microfone em mão, perante seus seguidores concentrados na frente das portas do Palácio de Justiça e foi aclamado enquanto repetia o mesmo discurso pronunciado aos jornalistas.

Os juízes agendaram a próxima audiência do julgamento pelo caso Mediaset para o dia 13 de junho, perante a dificuldade de encontrar outras datas livres, devido às audiências já estabelecidas dos outros processos que Berlusconi tem abertos.

O Tribunal de Milão julga a compra e venda dos direitos de transmissão de filmes americanos por parte da Mediaset (o grupo audiovisual de Berlusconi e que controla a rede de televisão espanhola Telecinco) sob a suspeita de um aumento artificial do preço real dos direitos para evadir dinheiro ao fisco e desviá-lo a contas no estrangeiro.

Após vários meses suspenso, à espera que o Tribunal Constitucional se pronunciasse sobre o último compromisso judicial de Berlusconi, o julgamento Mediaset foi retomado no dia 28 de fevereiro com uma audiência sem a presença do primeiro-ministro e na qual, por não apresentar uma instância para justificar sua ausência por compromissos oficiais, foi declarado à revelia.

Mediaset é um dos quatro processos que Berlusconi tem pendentes no mesmo tribunal: o julgamento Mills (por corrupção em ato judicial), o caso Mediatrade (fraude fiscal e apropriação indevida) e o caso Ruby (abuso de poder e incitação à prostituição de menores).

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