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Berlusconi promete reformas antes de sair, e quer eleição

Ex-premiê defendeu que o país em seguida realize eleições antecipadas, nas quais ele não concorreria

Berlusconi: "Precisamos dar à Europa e ao mundo um sinal urgente e forte de que estamos levando as coisas a sério" (Reuters)

Berlusconi: "Precisamos dar à Europa e ao mundo um sinal urgente e forte de que estamos levando as coisas a sério" (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2011 às 08h22.

Roma - O primeiro-ministro Silvio Berlusconi confirmou nesta quarta-feira que renunciará após implementar reformas econômicas urgentes que a União Europeia exige da Itália, e defendeu que o país em seguida realize eleições antecipadas, nas quais ele não concorreria.

"Precisamos dar à Europa e ao mundo um sinal urgente e forte de que estamos levando as coisas a sério", disse ele por telefone a um programa matinal de TV.

Na manhã desta quarta-feira, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, pediu um compromisso imediato para a adoção das reformas de modo a restaurar a confiança dos mercados.

Berlusconi anunciou sua renúncia na noite de terça-feira, após uma votação na Câmara dos Deputados deixar claro que ele havia perdido a maioria parlamentar. Mas ele disse que permanecerá no cargo até que o Parlamento aprove reformas orçamentárias que ajudem a Itália a lidar com sua dívida.

Após vários anos enfrentando uma série de escândalos sexuais, denúncias de corrupção e brigas com aliados, foi a economia que acabou por derrubar Berlusconi. Acuado pelos mercados, ele disse que sua decisão de renunciar seria "um gesto de responsabilidade" para o país.

Mas ele declarou ser contra a formação de um governo provisório comandado por tecnocratas, ou de um gabinete de união nacional - como querem a oposição e muitos agentes dos mercados. Para ele, a única alternativa seria antecipar eleições.

Embora Berlusconi fosse visto como um obstáculo para a adoção de reformas, os mercados demonstraram pouco ou nenhum alívio com a sua saída.

O ágio pago nos títulos italianos com vencimento em dez anos disparou para quase 7 por cento, nível considerado insustentável, e que já levou Portugal, Grécia e Irlanda a pedirem socorro internacional. O índice mercantil italiano FTSE caiu 3 por cento.

Por outro lado, os mercados globais de títulos e o euro registraram melhora depois da decisão de Berlusconi, na esperança de que um novo premiê aja de forma agressiva contra a crise que afeta a terceira maior economia da zona do euro, colocando em risco o próprio projeto europeu de moeda única.


Em entrevista ao jornal La Stampa, Berlusconi propôs a realização de eleições no começo de fevereiro, e lançou como candidato o ex-ministro da Justiça Angelino Alfano, secretário do seu partido, o PDL.

"Eu renuncio assim que a lei (orçamentária) for aprovada, e, como acredito que não há outra maioria possível, vejo eleições sendo realizadas no começo de setembro, e nelas não serei candidato", afirmou.

A demora de Berlusconi para deixar o cargo é excepcional na Itália, e vários jornais de esquerda sugeriram que ele poderia estar tentando ganhar tempo, e que acabaria por não renunciar. Mas na quarta-feira todas as suas entrevistas foram no sentido de confirmar a saída.

Alguns comentaristas dizem que o fato de Napolitano ter anunciado a renúncia de Berlusconi em nota oficial torna muito difícil para Berlusconi voltar atrás. A prioridade dele, agora, seria manter sua coalizão de centro-direita no poder.

Câmara e Senado devem votar neste mês as reformas orçamentárias, mas talvez a oposição tente antecipar o processo para apressar o fim do governo de Berlusconi, um extravagante magnata da mídia, que há 17 anos domina a política italiana.

Quando um governo cai, é dever do presidente apontar um novo líder para tentar construir uma maioria parlamentar, ou convocar eleições. Napolitano disse que vai iniciar as consultas com os partidos depois da aprovação das medidas orçamentárias.

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