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Bento XVI pede renovação da Igreja em penúltimo Ângelus

A partir das 18h00 locais de hoje, Bento XVI se retirará para realizar exercícios espirituais privados por ocasião da Quaresma


	Há fiéis que não escondem sua incompreensão diante da renúncia e já estão com os pensamentos voltados para o sucessor de Bento XVI
 (AFP/ Filippo Monteforte)

Há fiéis que não escondem sua incompreensão diante da renúncia e já estão com os pensamentos voltados para o sucessor de Bento XVI (AFP/ Filippo Monteforte)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2013 às 12h51.

São Paulo - O papa Bento XVI pediu neste domingo à Igreja Católica que se renove e rejeite o egoísmo na penúltima bênção dominical do Ângelus antes de sua renúncia, no dia 28 de fevereiro, uma mensagem aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para ver este Papa em uma de suas últimas aparições públicas.

"A Igreja, que é mãe e mestra, convoca todos os seus membros a se renovarem no espírito, a se reorientarem decididamente em direção a Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor", disse Bento XVI da janela de seus aposentos no palácio apostólico.

O Papa apareceu às 12h00 locais (08h00 de Brasília), sorridente e levantando os braços diante da multidão, que gritava por vários minutos "Benedetto, Benedetto!" e que o recebeu com grandes gritos de "Viva o Papa!".

"Peço que vocês rezem por mim e pelo próximo Papa", disse Bento XVI em sua tradicional intervenção dominical, na qual também falou da importância da Quaresma, um período de reflexão para os católicos.

As autoridades locais avaliaram em mais de 100.000 as pessoas que foram à Praça de São Pedro, enquanto o Vaticano estimou em 50 mil.

Na última segunda-feira, Bento XVI anunciou sua renúncia "por falta de forças", uma decisão sem precedentes na história moderna da Igreja Católica e que abre caminho para a celebração do conclave de 117 cardeais para eleger o novo Papa, que pode começar em meados de março.

"Há 500 anos não ocorria um acontecimento similar. Este Papa é um Papa teólogo", explicou Lázaro Ángel, um jesuíta cubano, que reconheceu, no entanto, que Bento XVI não tinha "esse carisma especial" de seu antecessor, João Paulo II.

Horas antes do Ângelus dominical, as forças de segurança fecharam a circulação na Via della Conciliazione, a grande avenida que conduz ao Vaticano, para onde se dirigiram famílias, freiras e turistas de todo o mundo carregando cartazes com lemas como "Obrigada, Santidade!".


A partir das 18h00 locais (14h00 de Brasília) deste domingo, Bento XVI se retirará para realizar exercícios espirituais privados por ocasião da Quaresma, antes de realizar no próximo domingo outro Ângelus, o último de seu pontificado.

--- Um Papa "mais bonachão" ---

Muitos dos fiéis reunidos neste domingo em São Pedro ainda estavam assimilando a decisão histórica e inesperada do Papa de renunciar. "É uma decisão que te impacta e você precisa de tempo para assimilá-la", admitiu Quique, um jesuíta espanhol, que ressaltou, no entanto, seu "respeito e admiração" pelo Papa.

"Ficamos surpresos, mas podemos ver Deus nessa decisão, só não somos capazes de entender", afirmou por sua vez Lara Cecilia, que ouviu com um grande sorriso a intervenção do Papa junto as suas companheiras reunidas sob um grande cartaz com o lema "Viva Cristo Rei".

Outros fiéis, no entanto, não escondem sua incompreensão diante da renúncia e já estão com os pensamentos voltados para o sucessor de Bento XVI.

"Parece-me que não havia motivo. João Paulo II também estava cansado e não renunciou. Tomara que o próximo Papa seja mais bonachão, tenha mais carisma", explicou Myriam, uma panamenha de 60 anos que passa férias no Vaticano com sua família.

Desde que anunciou, na última segunda-feira, sua renúncia, o Papa manteve sua agenda quase inalterada. Sua renúncia se tornará efetiva no dia 28 de fevereiro às 19h00 GMT (16h00 de Brasília) e então terá início o período conhecido como "sede vacante", antes que o conclave de 117 cardeais eleja seu sucessor.

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