Papa João Paulo II: livro será publicado em breve na Itália; intitulado "Ao lado de João Paulo II - Amigos e Colaboradores falam", obra reúne 21 entrevistas com pessoas próximas a Karol Wojtyla (WikimmediaCommons)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2014 às 15h59.
Roma - Para o papa emérito Bento XVI, João Paulo II era um santo e cada dia que passava junto a Karol Wojtyla ele tinha mais certeza disso, disse Joseph Ratzinger na primeira entrevista que concedeu após a renúncia há um ano e que faz parte de um livro sobre o pontífice polonês.
O jornalista vaticanista polonês Wlodzimierz Redzioch, da agência de notícias "Zenit", é o autor de um livro que será publicado em breve na Itália, intitulado "Ao lado de João Paulo II - Amigos e Colaboradores falam".
A publicação reúne 21 entrevistas com pessoas próximas a Karol Wojtyla por ocasião de sua canonização em 27 de abril.
A primeira entrevista é justamente a de Joseph Ratzinger, que em alguns trechos da conversa publicados nesta quarta-feira pelo jornal "Il Corriere della Sera", reconhece que "João Paulo II era um santo, durante os anos de colaboração com ele, se tornava cada vez mais e mais claro para mim".
"Se doou com uma radicalidade que não pode ser explicado de outro modo. (...) Seu empenho era incansável, e não apenas nas grandes viagens, cujos programas eram cheios de eventos do início ao fim, mas também no dia a dia, desde a missa matutina até tarde da noite", descreveu Ratzinger.
Os dois se conheceram no conclave que elegeu João Paulo I. Depois disso, Bento XVI sentiu uma grande veneração e simpatia por João Paulo II. Tratava-se de um imediato fascínio humano com o poder que ele exalava.
"João Paulo II não pedia aplausos, nunca olhava ao redor preocupado sobre como suas decisões seriam aceitas. Ele atuou a partir de sua fé e suas convicções, e estava preparado também para sofrer ataques. A coragem da verdade está em meus olhos um critério de primeira ordem da santidade", disse o papa emérito.
O papa alemão lembrou a total dedicação de João Paulo II. Um exemplo disso foi um momento durante a primeira visita que fez à Alemanha, em 1980, e que Ratzinger o encontrou em uma pausa para o almoço mais longa que a habitual.
"Durante esse intervalo, ele me chamou em seu quarto. Encontrei-o rezando o breviário e disse: "Santo Padre, você deve descansar", e ele disse: "Eu só posso fazer isso no céu".
"Eu não podia e sabia que não deveria tentar imitá-lo, mas eu tentei continuar o seu legado e seu trabalho melhor do que podia. E assim, tenho certeza de que ainda hoje a sua bondade está comigo e a sua bênção me protege."
Sobre a relação que começou quando ele se tornou prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1981, Ratzinger explica a parceria com João Paulo II sempre esteve caracterizada por amizade e afeto.
"Eu aceito o trabalho, bem consciente da gravidade da tarefa, mas também sei que a obediência ao papa agora exigia de mim um "sim". Foram anos ocupados pela Igreja, comprometida com os desafios prementes da doutrina, em tudo o que a teologia da libertação que estava se espalhando na América Latina. Foi um erro colocá-lo na convicção de que não havia na Europa, que era uma maneira de ajudar os pobres."