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BCE pede "disciplina verbal" para evitar nervosismo do mercado

Presidente da entidade pede que dirigentes evitem fazer comentários sobre a situação financeira de outros países

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, defendeu que a economia real da UE está bem (Ralph Orlowski/Getty Images)

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, defendeu que a economia real da UE está bem (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2010 às 17h43.

Bruxelas - O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, fez nesta terça-feira um pedido à "disciplina verbal" na União Europeia, para evitar contribuir com o nervosismo nos mercados.

"Muitas vozes falam, muito frequentemente, fora de seu próprio mandato e sua própria responsabilidade. Temos que ser muito responsáveis, disse nesta terça-feira o líder do Banco Central Europeu perante a comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

De acordo com Trichet, a cacofonia provocada nos últimos meses pelas declarações dos diferentes líderes europeus, opinando sobre assuntos dos quais não têm autoridade, contribuiu para aumentar as dúvidas sobre a zona do euro, que em sua opinião não têm uma base real.

"Não acho que a estabilidade financeira da zona possa ser colocada em interdição de maneira grave; agora, é um problema, mas não grave", asseverou Trichet, que criticou os observadores que não avaliam adequadamente os bons sinais que provêm da economia real.

"Subestimam a zona do euro", resumiu Trichet.

Por este motivo, insistiu que "a disciplina verbal é absolutamente essencial" e defendeu que a estratégia de comunicação da União Europeia se limite nestes momentos a esclarecer as incertezas do mercado, evitando o tempo todo "as ambiguidades".

Neste sentido, considerou útil o esclarecimento realizado no domingo passado pelos 27 sobre a contribuição que os investidores privados deverão fazer nos futuros resgates a partir de 2014, mas aceitou que os mercados poderiam precisar um tempo para entender o estipulado.

As pressões alemãs para que o setor privado suporte parte do custo dos resgates a partir de 2014 estão na origem da atual espiral de venda de dívida soberana de países como Irlanda, Portugal e Espanha.

O presidente do BCE disse que essa disciplina verbal também se aplica a ele e não quis responder muitas das perguntas feitas por eurodeputados sobre a situação nos países com problemas fiscais, como Espanha e Portugal.

"Não sou responsável pela vigilância dos países", disse Trichet, que se limitou a falar que "todos os países, sem exceção", deveriam adotar medidas para aumentar seu potencial de crescimento, incluindo os que estão aguentando melhor a crise, como a Alemanha.


Trichet falou das dúvidas semeadas pelo eurodeputado austríaco Hans-Peter Martin sobre a solvência do setor financeiro espanhol, incluindo suas principais entidades.

"Não acho, de maneira nenhuma, que a premissa de trabalho que o senhor tem sobre os bancos espanhóis esteja certa, pelo que eu sei", respondeu Trichet.

Pelo contrário, o presidente do Banco Central Europeu não se esquivou das perguntas relacionadas com a reforma da disciplina fiscal em que está imersa atualmente a União Europeia para evitar a repetição de novas crises de dívida na região.

Se pronunciou a favor de que a zona do euro reforce ao máximo os procedimentos de vigilância e controle para evoluir rumo ao que denominou uma "quase federação" orçamentária.

"Não estamos contentes com a proposta da Comissão Europeia e menos ainda com seu enfraquecimento", disse Trichet.

Neste sentido, o principal responsável do BCE encorajou os deputados a endurecer ao máximo a legislação que tramita para uma nova governança da união econômica e monetária.

"Se pudéssemos ir o mais longe nesta quase federação que não temos, pediria que fossem o mais longe possível. Os senhores são o poder legislativo, tenho certeza que estarão à altura do desafio", pediu.

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