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BCE pede à Europa reformas sólidas para recuperar confiança no euro

Mario Draghi voltou a afirmar também que não é o Banco Central Europeu que salvará o euro

Draghi: "a Europa precisa de um sistema onde os cidadãos voltem a confiar uns nos outros e onde a disciplina fiscal e as reformas estruturais tenham credibilidade" (Ralph Orlowski/Getty Images)

Draghi: "a Europa precisa de um sistema onde os cidadãos voltem a confiar uns nos outros e onde a disciplina fiscal e as reformas estruturais tenham credibilidade" (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2011 às 13h00.

Bruxelas -´O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, pediu nesta segunda-feira que os europeus estabeleçam reformas sólidas, que ajudem a recuperar a confiança na moeda comum. Draghi voltou a afirmar também que não é o BCE que salvará o euro.

"Temos que nos perguntar por que estamos nesta situação", disse Draghi em uma entrevista ao Financial Times, divulgada nesta segunda-feira. "Parte de tudo isso é disciplina fiscal, mas também é falta de crescimento", completou.

A recomendação do chefe do BCE chega em um contexto de medidas draconianas na Europa para enfrentar a crise da dívida, que serão acentuadas na Espanha, onde o futuro presidente do governo, Mariano Rajoy, anunciou nesta segunda-feira novos cortes, de 16,5 bilhões de euros em 2012.

Respondendo aos europeus desejosos de que o BCE passe a intervir mais, através da compra da dívida de países ameaçados, Draghi disse que a política monetária não pode frear as tensões no mercado de obrigações.

"A Europa precisa de um sistema onde os cidadãos voltem a confiar uns nos outros e onde a disciplina fiscal e as reformas estruturais tenham credibilidade", disse o novo presidente do BCE, que prevê comparecer ante o Parlamento Europeu em Bruxelas em uma audiência às 17H00 GMT (15H00 de Brasília).

Os ministros de Finanças da Eurozona realizam nesta segunda-feira uma teleconferência para afinar o pacto fiscal alcançado na reunião da União Europeia de 8 e 9 de dezembro, num encontro que se realiza sob ameaça de um rebaixamento da nota dos países da Eurozona.


A agência Standard and Poor's ameaçou no início de dezembro rebaixar a nota dos seis países que ainda possuem a máxima classificação Triplo A, entre eles Alemanha e França.

A agência Fitch reduziu na sexta-feira a perspectiva da França para "negativa" e ameaçou cortar as notas de Espanha, Itália, Bélgica, Eslovênia, Chipre e Irlanda.

As principais bolsas europeias iniciaram a semana com quedas, mas em seguida passaram para o azul.

Os 27 Estados da UE, com exceção da Grã-Bretanha, concordaram em endurecer a disciplina dos 17 países do euro. A partir de agora os governos deverão garantir o equilíbrio orçamentário, segundo uma "regra de ouro" que deverá figurar em sua Constituição.

Caso sejam endurecidas as sanções contra os infratores, eles poderão até mesmo ser levados ante o Tribunal de Justiça Europeu.

A Espanha já introduziu esta regra de ouro em sua Constituição, sob a pressão dos ataques especulativos dos mercados contra sua dívida pública.

Nesta segunda-feira, Rajoy anunciou cortes de 16,5 bilhões de euros em 2012 no setor público e advertiu que o déficit público de 6% do PIB projetado pela Espanha para 2011 pode ser superado.

Com a finalidade de blindar as grandes economias mais ameaçadas da Eurozona, como Itália ou Espanha, os ministros da Eurozona definirão os empréstimos bilaterais que seus países concederão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que deve somar um total de 200 bilhões de euros.

Além disso, eles esperam adiantar suas medidas de combate à crise da dívida. O objetivo é que o fundo permanente de resgate (MEDE) entre em vigor em julho de 2012 e funcione ao mesmo tempo que o fundo de resgate temporal (FEEF) para potencializar ao máximo a capacidade de investimento desses mecanismos financeiros.

Muitos economistas e líderes políticos insistem que o poder ilimitado do BCE para emitir a moeda é a arma principal para acalmar os mercados, mas para isso teriam que ser alterados os tratados europeus.

Draghi advertiu também que a solução não pode passar pela saída do euro. "Um abandono da divisa geraria muita inflação e, ao final, o país teria que tomar as mesmas medidas que tomaria a princípio, mas estaria mais debilitado", afirmou.

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