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BCE compra quantia recorde de títulos da dívida soberana

Banco não especificou de quais países ele comprou os 22 bilhões de euros em uma semana

Foi a maior quantia já gasta em uma semana pelo BCE para adquirir títulos da zona do euro (Stock.XCHNG/EXAME.com)

Foi a maior quantia já gasta em uma semana pelo BCE para adquirir títulos da zona do euro (Stock.XCHNG/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2011 às 13h47.

Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) reiniciou o programa de compra de títulos da dívida pública de países com problemas financeiros no continente, ao ter adquirido a quantia semanal recorde de 22 bilhões de euros, que incluem bônus espanhóis, italianos, portugueses e irlandeses.

O BCE interveio no mercado secundário de dívida pública da zona do euro, após não havê-lo feito durante 19 semanas consecutivas, desde o final de março.

A entidade monetária europeia não especificou os países dos quais adquiriu a dívida, mas informou, no dia 7 de agosto, que compraria bônus de Espanha e Itália após os ataques especulativos.

Segundo alguns operadores dos mercados, o BCE comprou dívida espanhola e italiana na semana passada, além de bônus soberanos de Portugal e Irlanda nos dias 4 e 5 de agosto.

Até agora, o Banco Central adquiriu dívida pública da zona do euro no valor de 96 bilhões de euros. A quantidade semanal mais alta de dívida adquirida até agora havia sido de 16,5 bilhões de euros, em maio de 2010, quando os mercados penalizavam a Grécia.

No último dia 4, o Conselho do BCE decidiu manter o programa de compra de títulos da dívida pública para ajudar os países que atravessam dificuldades de financiamento, apesar da oposição do presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, e o economista-chefe do BCE, Jürgen Stark.

Segundo diversos meios de comunicação, os governadores dos bancos centrais da Holanda, Luxemburgo e Finlândia também se opuseram, tanto à compra de dívida de Portugal e Irlanda como à da Espanha e Itália.

Os representantes da Alemanha no Conselho do BCE consideram que, com a compra de dívida, a entidade monetária assume funções de política fiscal que não lhe correspondem e, além disso, encoraja o risco de que suba a inflação.

O BCE foi muito criticado por adquirir títulos da dívida soberana da Espanha e Itália desde segunda-feira da semana passada, embora esta intervenção tenha tido êxito e contribuído para reduzir a rentabilidade dos bônus a dez anos da Espanha e Itália.

Atualmente, o BCE é a única instituição europeia capaz de comprar títulos da dívida soberana de países com dificuldades e garantir sua solvência.

O juro dos bônus espanhóis a dez anos registravam queda de 4,97% nesta segunda-feira, enquanto o dos bônus italianos caíam 4,89% após ter superado 6% nos dois casos em julho e princípios de agosto, até que o BCE começasse a intervir.

A rentabilidade do Bund (bônus alemão a 10 anos) se situava em 2,33%.

Essa queda também se deve a que a Itália - cujo volume de emissão de títulos da dívida soberana é maior que o da Espanha - não emite papéis durante o período de férias de verão (época de inverno no Brasil), segundo o economista-chefe do Commerzbank, Jörg Krämer.

A Itália voltará ao mercado de capital no final de agosto para emitir entre 15 bilhões e 20 bilhões de euros por mês.

Será o momento da verdade, já que, caso não consiga investidores conservadores estrangeiros - aos quais vendeu até agora metade de seus bônus nos últimos anos -, o país se declarará insolvente sem apoio externo, o que seria catastrófico para a economia mundial, acrescenta Krämer.

Para evitá-lo, uma opção seria aumentar o volume de empréstimos da Facilidade Europeia de Estabilização Financeira (FEEF) para 700 bilhões de euros, frente aos 440 bilhões de euros aos quais se ampliou em junho, mas que ainda devem receber a aprovação parlamentar.

Pode demorar semanas ou meses até que o fundo de resgate seja operacional para um país do tamanho da Itália. "Enquanto isso o BCE é a única instituição europeia capaz de comprar dívida soberana da Itália e garantir a solvência do país", destacou Krämer.

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