Mundo

BCE compra bônus e ajuda Portugal, dizem operadores

Aumenta a pessão para que país aceite ajuda internacional; banco também teria comprado bônus de Irlanda e Grécia

Sede do BCE: banco já comprou € 74 bilhões de títulos de dívidas desde o início da crise (Eric Chan/Wikimedia Commons)

Sede do BCE: banco já comprou € 74 bilhões de títulos de dívidas desde o início da crise (Eric Chan/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 13h49.

Londres/Bruxelas - O Banco Central Europeu (BCE) ofereceu a Portugal um alívio temporário nesta segunda-feira por meio da compra de títulos portugueses, segundo operadores, diante da crescente pressão do mercado e de outros países para que Lisboa procure ajuda internacional em breve.

Uma fonte sênior da zona do euro disse no domingo que Alemanha, França e outros países da zona euro estão pressionando para que Portugal solicite um programa de assistência da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), após Grécia e Irlanda terem feito o mesmo, para evitar o contágio à Espanha, quarta maior economia da zona do euro.

A reportagem da Reuters foi alvo de negativas por autoridades nesta segunda-feira.

O prêmio pago por títulos da dívida soberana de Portugal caía nesta sessão, após de ter subido fortemente na semana passada, com operadores dizendo que o BCE interveio através da compra de papéis no mercado secundário.

"Eles estão comprando títulos de cinco e 10 anos em Portugal, não importando o que as pessoas estejam oferecendo", disse um operador.

Segundo outro operador, o BCE também parece estar comprando bônus gregos e irlandeses. Fontes da zona do euro disseram que o banco central ainda não comprou dívida do governo da Espanha.

No total, o BCE já comprou quase 74 bilhões de euros (95,53 bilhões de dólares) nos conturbados mercados de dívida da zona do euro desde que começou a intervir para estabilizar o mercado, em maio passado. A compra da semana passada, que somou 113 milhões de euros, foi a menor desde outubro.

Mesmo em seu auge, as aquisições do BCE ofereceram apenas um alívio de curto prazo às pressões do mercado.

Uma fonte da zona do euro disse que Lisboa precisará de uma quantia entre 50 bilhões de euros e 100 bilhões de euros (64,5 bilhões de dólares e 129,1 bilhões de dólares, respectivamente) em empréstimos.

Tais valores são similares ao obtido pela Irlanda, que aceitou em dezembro um pacote de resgate equivalente a 80 bilhões de euros da UE e do FMI, depois que uma crise bancária causada pelo estouro de uma bolha no mercado imobiliário impôs ao país grandes perdas.

"Pouca chance de escapar"

O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, negou que Berlim esteja pressionando alguma nação para que solicite ajuda, mas disse que está defendendo o euro. Uma autoridade do governo francês também classificou como absurdo dizer que Paris e Berlim estão pressionando Lisboa.

Mas economistas e analistas do mercado vêem apenas como uma questão de tempo antes que Portugal --que apresenta elevado déficit e uma economia estagnada que perdeu competitividade desde a adesão à zona do euro-- tenha de procurar ajuda.

"Se os spreads no mercado continuarem subindo, Portugal terá pouca chance de escapar de um resgate", disse Laurence Boone, diretor de pesquisa do Barclays Capital, em Paris.

Portugal e Espanha retornam aos mercados de títulos nesta semana pela primeira vez em 2011. O resultado do leilão de Lisboa --no qual serão ofertados até 1,25 bilhão de euros em títulos de cinco e 10 anos na quarta-feira-- pode forçar o país a antecipar a procura por um resgate caso os rendimentos subam, disse Diego Iscaro, economista do IHG-Global Insight.

Acompanhe tudo sobre:Crises em empresasEuropaMercado financeiroPiigsPortugalTítulos públicosUnião Europeia

Mais de Mundo

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô

Disney expande lançamentos de filmes no dinâmico mercado chinês

Polícia faz detonação controlada de pacote suspeito perto da Embaixada dos EUA em Londres