Militantes do Estado Islâmico no Iraque: o EI "não tem a incubadora natural ou uma incubadora social, na Síria" (AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2015 às 07h22.
Roma - O presidente da Síria, Bashar al Assad, afirmou que não se pode considerar que o grupo jihadista Estado Islâmico está "incubado" na Síria e que a guerra ajudou a criá-lo, mas que tudo "começou no Iraque", em entrevista exibida na ontem de quarta-feira pelo canal público italiano "RAI1".
Al Assad acrescentou que o "EI se estabeleceu no Iraque em 2006 e seu líder era Abu Musab al Zarqawi, que foi assassinado pelas forças americanas".
"O atual líder do EI se chama Abu Bakr al Baghdadi, que estava nas prisões americanas e foi libertado por eles. Portanto, não estava na Síria, não começou na Síria, começou no Iraque", declarou.
O presidente sírio, que concedeu entrevista em sua residência em Damasco, definiu os atentados de Paris, nos quais 129 pessoas foram assassinadas e mais de 300 ficaram feridas, como "um crime horrível" e comentou que a Síria sabe bem o que é a morte de inocentes e de entes queridos.
"Estamos sofrendo isso durante os últimos cinco anos. Sentimos muito pelos franceses, assim como pelos libaneses dias antes disso e pelos russos em relação ao avião que foi derrubado no Sinai", acrescentou.
Sobre como combater o Estado Islâmico, o presidente sírio garantiu que o EI "não tem a incubadora natural ou uma incubadora social, na Síria".
Questionado se terroristas são treinados na Síria, o presidente afirmou que isso ocorre "pelo apoio dos turcos, dos sauditas e dos catarianos, e certamente pela política ocidental que apoiou os terroristas de diferentes formas desde que começou a crise".
"Tony Blair disse recentemente que a Guerra do Iraque ajudou a criar o EI e esta confissão é a prova mais importante", assinalou.
A respeito da guerra civil no Iraque, o presidente sírio afirmou que a situação geográfica muda a cada dia, mas que o importante é "a quantidade da população sob o controle do governo", pois "de 50% a 60% da Síria é terra vazia", considerou.
Sobre sua permanência no poder, Al Assad afirmou que "não existe uma linha vermelha" em relação à possibilidade de convocar eleições, mas que isto deverá ser decidido pelos próprios sírios.
"Não se pode conseguir nada politicamente enquanto os terroristas estiverem em muitas regiões da Síria. Após isso, será necessário um ano e meio ou dois anos para qualquer transição", explicou.