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Bashar al Assad começa quarto mandato na Síria após reeleição criticada

Governante obteve 95,1% dos votos nas eleições de 26 de maio e está no poder desde 2000

Reeleição: vitória é a segunda desde o início da guerra, em 2011 (AFP/AFP)

Reeleição: vitória é a segunda desde o início da guerra, em 2011 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 17 de julho de 2021 às 14h15.

Última atualização em 17 de julho de 2021 às 15h09.

O presidente sírio, Bashar al Assad, prestou juramento neste sábado (17) para um quarto mandato em uma cerimônia em Damasco, depois de obter 95,1% dos votos nas eleições de 26 de maio, criticadas pela oposição síria e boa parte da comunidade internacional.

Assad, que está no poder desde 2000, jurou sobre a Constituição e o Corão, na presença de 600 convidados, entre eles ministros, empresários, acadêmicos e jornalistas, segundo os organizadores.

Esta cerimônia coincidiu com os bombardeios que o governo promove na região de Idlib, no noroeste da Síria, que provocaram a morte de seis civis, três deles menores de idade, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

As eleições presidenciais "mostraram a força da legitimidade popular dada ao Estado pelo povo e tiraram credibilidade das declarações dos líderes ocidentais sobre a legitimidade do Estado, da Constituição e da pátria", declarou Assad, em seu discurso de posse.

"Reitero mais uma vez meu apelo a todos aqueles que se equivocaram (...) e falaram de colapso do Estado", disse, referindo-se aos opositores.

"Digo a todos eles: são usados pelos inimigos de seu país (...) e a revolução com a qual os enganaram é uma ilusão", insistiu.

Sua vitória nas presidenciais é a segunda desde o início da guerra, que explodiu em 2011, após a repressão das manifestações pró-democracia. Até então, este conflito, no qual se envolveram também interesses estrangeiros, deixou mais de 500.000 mortos e provocou o exílio forçado de milhões de pessoas.

Estados Unidos e outros países europeus condenaram em maio essas eleições na Síria, que para eles não eram "nem livres nem justas", e a oposição denunciou uma farsa.

"Liberar o território"

Neste momento, o presidente sírio quer se apresentar como o homem da reconstrução, depois de acumular vitórias militares desde 2015 com o apoio de seus aliados, Rússia e Irã, com as quais conseguiu tomar novamente o controle de dois terços do territorio.

Durante seu discurso, Assad foi interrompido várias vezes por aplausos.

"Durante mais de 10 anos de guerra, nossas preocupações foram muitas e a segurança e o medo dominavam tudo. Mas hoje se trata principalmente de libertar o restante do território e enfrentar as repercussões econômicas da guerra", disse Asad.

Uma parte da região de Idlib, dominada por grupos rebeldes, escapa ao controle do governo de Assad, assim como áreas sob o domínio curdo no norte e nordeste do país.

Pouco antes de seu discurso, o governo lançou dois mísseis sobre o povo de Sarja, no sul de Idlib, causando a morte de seis civis e vários feridos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

"Libertar o restante de nosso território é primordial para nós, libertá-lo dos terroristas e de seus padrinhos turcos e americanos", disse Assad.

A trégua imposta por Rússia e Turquia em Idlib e a presença dos EUA em áreas curdas e turcas do norte da Síria impediram até agora a opção militar por parte do governo de Assad.

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