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Bases espiãs chinesas em Cuba estariam se expandindo; veja imagens de satélites

Relatório revela expansão de estações de escuta eletrônica em Cuba, com possíveis ligações à China, gerando preocupações sobre espionagem nas proximidades de bases militares dos EUA.

Além de bases espiãs chinesa, Cuba recebeu navios russos nas últimas semanas

Além de bases espiãs chinesa, Cuba recebeu navios russos nas últimas semanas

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 3 de julho de 2024 às 10h23.

Última atualização em 4 de julho de 2024 às 15h46.

Imagens de satélite capturadas recentemente mostram a expansão das estações de escuta eletrônica em Cuba, que se acredita estarem ligadas à China. Entre essas, foi identificada uma nova construção em um local não divulgado anteriormente, situado a cerca de 112 km da base naval dos EUA em Guantánamo. O relatório, elaborado pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington, destaca o aumento significativo das capacidades de espionagem eletrônica na ilha. As informações são do The Wall Street Journal.

O estudo do CSIS segue uma reportagem do Wall Street Journal do ano passado, que mencionava negociações entre China e Cuba para estreitar laços de defesa e inteligência. Segundo a reportagem, ambos os países já operavam conjuntamente estações de escuta na ilha, embora suas localizações exatas não fossem divulgadas. A principal preocupação é que a China possa estar usando a proximidade geográfica de Cuba com o sudeste dos Estados Unidos para captar comunicações eletrônicas sensíveis de bases militares americanas, instalações de lançamento espacial e navegação militar e comercial.

Leland Lazarus, especialista em relações China-América Latina na Universidade Internacional da Flórida, alerta que essas instalações também poderiam reforçar o uso das redes de telecomunicações para espionar cidadãos americanos.

Expansão

Os autores do relatório do CSIS, após analisar anos de imagens de satélite, identificaram quatro locais principais de espionagem eletrônica em Cuba: Bejucal, El Salao, Wajay e Calabazar. Esses locais foram significativamente modernizados e ampliados nos últimos anos, com novas infraestruturas e antenas instaladas recentemente.

Alguns desses locais, como Bejucal, já eram conhecidos por abrigar postos de escuta, mas as novas imagens fornecem detalhes adicionais sobre suas capacidades e crescimento, além das possíveis ligações com a China. O local de Bejucal, por exemplo, possui grandes antenas parabólicas projetadas para monitorar e se comunicar com satélites, uma capacidade que beneficiaria a China, que possui um extenso programa espacial.

Imagens mostram o crescimento de bases espiãs chinesas em Cuba. (Reprodução: CSIS - Maxar) (Reprodução: CSIS - Maxar/Reprodução)

Imagens mostram o crescimento de bases espiãs chinesas em Cuba. (Reprodução: CSIS - Maxar) (Reprodução: CSIS - Maxar/Reprodução)

Preocupações geopolíticas

A situação é especialmente preocupante dado o contexto geopolítico atual, com crescente competição entre grandes potências na América Latina. A China está construindo um megaporto na costa do Pacífico do Peru, enquanto a Rússia recentemente enviou um submarino nuclear e uma fragata ao porto de Havana, em Cuba.

A comunidade de inteligência dos EUA, em seu relatório anual de avaliação de ameaças divulgado em fevereiro, mencionou publicamente pela primeira vez que a China está buscando estabelecer instalações militares em Cuba.

A instalação mais recente identificada pelo CSIS, localizada em El Salao, perto de Santiago de Cuba, começou a ser construída em 2021 e está sendo preparada para abrigar uma grande formação de antenas conhecidas como array circularmente disposta, usadas para localizar e interceptar sinais eletrônicos. Quando concluído, este local poderia potencialmente monitorar comunicações provenientes da base naval de Guantánamo.

Durante a Guerra Fria, a União Soviética operava em Cuba seu maior site de espionagem eletrônica fora do território soviético, em Lourdes, nas proximidades de Havana. O local foi fechado após 2001, e seu status atual não é claro. Nos últimos anos, a China tem desempenhado um papel maior na ilha, modernizando as instalações de coleta de inteligência de Cuba em 2019.

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