Durante o último G8 do atual mandato de Obama o mandatário apresentará uma nova operação destinada a melhorar o desenvolvimento agrícola na África (©AFP / Nicholas Kamm)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 14h16.
Washington - A cúpula do G8 dará a oportunidade ao presidente americano, Barack Obama, de insistir em suas prioridades econômicas e de política externa, a seis meses da eleição presidencial, enquanto a crise da dívida europeia ameaça a reativação econômica.
No ambiente rural da residência presidencial de Camp David (Maryland, leste), 100 km a noroeste de Washington, Obama receberá na sexta-feira e no sábado os presidentes dos oito países mais industrializados do mundo, como o primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda, o chefe do governo italiano, Mario Monti, e o presidente francês, François Hollande.
Assim como Monti, Hollande -que assumiu suas funções nesta terça-feira, três dias antes de ir a Washington, onde se reunirá na sexta com Obama- deseja orientar a política econômica de seu país para um crescimento maior, ao contrário do rigor promovido pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Desde que chegou ao poder em 2009, em plena crise econômica e depois de ter promulgado um plano de ajuda massivo de cerca de 800 bilhões de dólares, Obama vem instando os europeus a trabalharem pelo crescimento, mas muitos se negaram, incluindo aliados próximos, como o britânico David Cameron.
Com a proximidade da eleição presidencial de novembro, em que disputará um segundo mandato, Obama manifestou com frequência a sua preocupação com os "ventos adversos" vindos da Europa que afetam a atividade econômica dos Estados Unidos, onde a taxa de desemprego (8,1%) diminuiu, mas continua sendo três pontos superior a antes da crise de 2008.
O mandatário assegurou: "A Europa permanece em uma situação difícil, em parte porque eles (os governantes) não tomaram as medidas decisivas que nós tomamos no início desta recessão", não há proposta alguma e se limitam a paliar a crise de Grécia e Espanha, que ameaça a estabilidade de todo o continente.
A cúpula do G8 "representará uma oportunidade para que os Estados Unidos, juntos com a França, a Itália e, talvez, a Grã-Bretanha, peçam aos alemães mais flexibilidade", explicou Uri Dadush, da fundação Carnegie.
Mas, nesse sentido, os observadores não esperam que uma mudança espetacular ocorra a partir da cúpula. "Será mais uma conversa do que um evento que dará lugar a ações urgentes", considerou Matthew Goodman, do CSIS, outro 'think tank' americano.
O grande ausente do G8 será Vladimir Putin, que acaba de recuperar seu trono de presidente na Rússia, mas que preferiu enviar a Camp David seu antecessor e primeiro-ministro Dmitri Medvedev, para que, segundo a versão oficial, o líder russo possa se dedicar a formar seu novo governo.
Esta ausência não passará despercebida depois de a Rússia ter bloqueado, junto com a China, resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra a Síria pela sangrenta repressão ao levante que sacode o país desde março de 2011 e que ameaça se transformar em uma guerra civil.
A questão do programa nuclear iraniano também poderá estar na ordem do dia, no momento em que se aproxima a data das discussões com a República Islâmica.
Os líderes do G8 também poderão advertir a Coreia do Norte para qualquer tentativa de manter seus testes atômicos, depois do lançamento frustrado de um míssil de longo alcance no mês passado.
Durante o último G8 do atual mandato de Obama -que será seguido por uma cúpula da Otan em grande medida dedicada ao Afeganistão-, o mandatário apresentará uma nova operação destinada a melhorar o desenvolvimento agrícola na África. Para isso, convidou os líderes de Benin, Etiópia, Gana e Tanzânia.