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Bancos franceses na linha de fogo por crise da dívida na Europa

Ações do setor caem na bolsa, em meio aos rumores de que o país pode ter sua nota rebaixada pelas agências de classificação

Sede do banco BNP Paribas, maior banco francês: queda na bolsa (Thierry Caro/Wikimedia Commons)

Sede do banco BNP Paribas, maior banco francês: queda na bolsa (Thierry Caro/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2011 às 17h18.

Paris - Um sentimento crescente de desconfiança sobre a França instalou-se nesta quinta-feira nos mercados, com virulentos ataques aos grandes bancos franceses e rumores sobre a perda da nota "AAA", alimentados pelo estancamento de sua economia.

O Banco da França teve que elevar o tom nesta quinta-feira para defender a "solidez" dos bancos franceses, particularmente do Société Générale e do BNP Paribas, um dos maiores bancos da Zona do Euro, para frear sua queda na Bolsa de Paris.

"A evolução recente dos mercados de ações não afeta a solidez financeira dos bancos franceses e a capacidade de resistência da qual deram prova desde o início da crise", assegurou o governador do Banco da França, Christian Noyer.

Para os mercados, no entanto, os bancos franceses estão muito expostos às dívidas soberanas dos países fragilizados, como Grécia e Itália.

"Enfrentamos uma crise econômica que faz com que os bancos que emprestaram aos Estados corram o risco de default", destacou o secretário-geral da Associação Francesa de Usuários de Bancos (Afub), Serge Maitre.

No atual clima de nervosismo nos mercados, o mínimo rumor é suficiente para acender o pavio. "Em relação ao Société Générale, não chego a compreender que puderam pensar, nem que fosse por 30 segundos, que o banco, tendo em vista os resultados e seu balanço, possa estar em dificuldades", explicou Frédéric Rozier, agente da sociedade Meeschaert.

No entanto, o Société Générale chegou a perder na quarta-feira 20% de seu valor em Bolsa como consequência do rumor de que estava à beira da quebra.

Assim como o restante do mercado, as ações do setor bancário subiram nesta quinta-feira, depois do anúncio de uma cúpula franco-alemã para 16 de agosto.

Mas além dos bancos, toda a economia francesa suscita dúvidas e preocupações para o conjunto da Zona do Euro, da qual é a segunda potência.


O Instituto de Estatísticas INSEE publicará na sexta-feira pela manhã as primeiras cifras de crescimento do segundo trimestre.

Depois de um primeiro trimestre bom, no qual o PIB cresceu 0,9%, os especialistas esperam agora uma desaceleração da economia. O crescimento poderá ficar em 0,2%.

Essa desaceleração apenas pode complicar a estratégia de redução da dívida e do déficit público, cuja implantação é impulsionada pelo presidente Nicolas Sarkozy, para quem é indispensável que seu país mantenha a prestigiosa famosa "AAA", nota máxima concedida pelas agências de classificação de risco aos países emissores de dívida.

"Os compromissos de redução do déficit das contas públicas são intocáveis e se manterão seja qual for a evolução da situação econômica", declarou na quarta-feira o presidente francês durante uma reunião de crise, organizada em Paris em plenas férias de verão.

Essa reunião improvisada, no lugar de tranquilizar, alimentou os rumores de degradação da nota da França. Após a notícia do rebaixamento da nota dos Estados Unidos, no fim da semana passada, a França seria a seguinte da lista.

O revés americano "abre infelizmente a porta para que se especule com outros países como a França", lamentou Frédéric Rozier.

Na quarta e na quinta-feira, ocorreu uma onda de rumores a esse respeito, mas a sombra da dívida paira sobre um país incapaz de apresentar um orçamento equilibrado nos últimos 30 anos e que tem uma dívida pública que representa 84,5% de seu PIB.

"É possível que a França siga Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha no clube pouco confiável de países cuja dívida é considerada como tóxica pelos mercados financeiros", estimou o professor de economia Charles Wyploz no jornal Le Monde.

Sarkozy apresentará em 24 de agosto as medidas de redução do déficit. Anteriormente, na próxima terça-feira, receberá em Paris a chanceler alemã Angela Merkel.

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