Mundo

Banco Mundial eleva projeção do PIB da China para 4,8% em 2025

Exportações sustentam economia chinesa, mas consumo fraco e crise imobiliária seguem como riscos

Porto de Qingdao, na província de Shandong, na China: exportações permanecem fortes mesmo com tarifas de Trump em vigor (Costfoto/NurPhoto/Getty Images)

Porto de Qingdao, na província de Shandong, na China: exportações permanecem fortes mesmo com tarifas de Trump em vigor (Costfoto/NurPhoto/Getty Images)

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 08h35.

O Banco Mundial revisou para cima, nesta terça-feira, 7, sua projeção de crescimento da China em 2025. A economia do país agora deve avançar 4,8%, ante estimativa anterior de 4% divulgada em abril.

O número se aproxima da meta oficial de Pequim de cerca de 5% para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

A revisão ocorreu dentro de um ajuste mais amplo nas perspectivas para a região do Leste Asiático e do Pacífico, que deve crescer 4,8% em 2025, também acima da projeção de 4% feita anteriormente.

Apoio do governo

Os economistas não apontaram um motivo para a revisão do PIB, mas destacaram que a economia chinesa se beneficiou do apoio governamental, que pode perder força no próximo ano.

O país manteve estímulos e programas de incentivo ao consumo desde o fim de 2024, além de registrar alta nas exportações. Este movimento ajudou a compensar fraquezas internas, como a crise prolongada no setor imobiliário e o consumo doméstico abaixo do esperado.

Ainda assim, os economistas projetam desaceleração em 2026, quando o PIB chinês deve crescer 4,2%, em parte devido ao menor avanço das exportações. Também se espera que Pequim reduza os estímulos para conter o aumento da dívida pública.

O cenário ocorre em meio às tensões comerciais com os Estados Unidos. Em abril, as tarifas americanas sobre produtos chineses chegaram a superar 100%, antes de um acordo provisório que reduziu a alíquota para 57,6% — mais do que o dobro do patamar registrado no início do ano. O pacto entre os dois países vale até meados de novembro.

Consumo em queda

As exportações da China se beneficiaram de encomendas antecipadas de empresas estrangeiras, que buscaram garantir estoques antes da aplicação de tarifas mais altas nos EUA. A demanda também foi sustentada por vendas para países do Sudeste Asiático e da Europa.

Por outro lado, os indicadores domésticos mostram fragilidade. As vendas no varejo avançaram apenas 3,4% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior, abaixo das expectativas. O setor imobiliário acumula queda de 12,9% nos investimentos nos oito primeiros meses do ano.

Durante o feriado da "Golden Week", a atividade também mostrou perda de fôlego. Entre 1º e 5 de outubro, a média diária de viagens domésticas de passageiros cresceu 5,4% na comparação anual, abaixo dos 7,9% registrados no feriado de maio.

Desafios estruturais

A China ainda enfrenta desafios estruturais, como o alto desemprego entre jovens (um em cada sete está sem trabalho), o envelhecimento da população e o peso das estatais na economia.

Segundo o Banco Mundial, as startups chinesas contratam proporcionalmente menos do que as americanas: em média, geram quatro vezes mais empregos, contra sete vezes nos EUA — diferença atribuída à forte presença de estatais na economia.

Além disso, o impacto de uma desaceleração no país é relevante para toda a região: uma queda de 1 ponto percentual no PIB chinês reduz em 0,3 ponto o crescimento do restante do Leste Asiático e do Pacífico.

Em junho, o Banco Mundial reduziu a projeção de crescimento da economia global para 2,3% em 2025, citando a incerteza gerada pelas disputas comerciais. Se confirmada, será a expansão mais fraca desde 2008, desconsiderando anos de recessão mundial.

Acompanhe tudo sobre:AçõesChinaPIBBanco Mundial

Mais de Mundo

'Temos vagas': por que há tantos cartazes nas ruas de Buenos Aires?

Senado dos EUA revoga tarifas 'recíprocas' de Trump a outros países

Milei quer implantar jornada trabalhista de até 12 horas diárias

Brasil e países europeus pedem ratificação do pacto Mercosul-UE diante de guerra comercial