Luisa Ortega, procuradora-geral da Venezuela: funcionários do governo a chamaram de "traidora" e "indigna" (Marco Bello/Reuters)
AFP
Publicado em 13 de junho de 2017 às 17h37.
A bancada chavista no Parlamento venezuelano pediu à Justiça que avalie a saúde mental da procuradora-geral, Luisa Ortega, alegando que está fora de seu juízo e deve ser destituída, em meio a um confronto aberto com o governo.
"Peço que formem uma junta médica, que é competência do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). É evidente que esta senhora não está sã", disse nesta terça-feira a jornalistas o legislador Pedro Carreño após apresentar a solicitação.
Carreño assinalou que espera que uma equipe de peritos e psicólogos determine a "sanidade mental" de Ortega - chavista declarada - e se for o caso, seu afastamento do cargo.
Nesta terça-feira, a procuradora pediu ao TSJ - acusado de servir ao governo - que anule o processo de uma Assembleia Constituinte impulsionada pelo presidente Nicolás Maduro e que autorize o julgamento de oito de seus juízes por considerar que violaram a Constituição.
O deputado anunciou a solicitação de avaliação médica na semana passada e recomendou inclusive a "reclusão" da funcionária porque poderia levar a Venezuela a "uma guerra civil".
Mas um processo desse tipo para funcionários não está previsto na lei venezuelana e em todo caso o Parlamento - de ampla maioria opositora - é o único órgão que pode destituir a procuradora, explicou à AFP a ex-juíza do TSJ Blanca Rosa Mármol.
A procuradora começou a se distanciar do governo no fim de março, quando surpreendentemente denunciou que a decisão de o TSJ assumir as funções do Legislativo era uma "ruptura da ordem constitucional".
Funcionários do governo a chamaram de "traidora" e "indigna".
Também responsabilizou a militarizada Guarda Nacional pela morte de um jovem, supostamente pelo impacto de uma bomba de gás lacrimogêneo no peito, durante os protestos contra Maduro.
"Ela perdeu totalmente a autoridade moral, deixou de ser a procuradora da República e se tornou uma porta-voz da direita a serviço do terrorismo", acrescentou Carreño.