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Ban Ki-moon descarta cancelamento por Trump do Acordo de Paris

"Ele fez várias declarações preocupantes, mas estou certo de que irá compreender toda a importância, seriedade e urgência" da questão, disse Ban

Ban Ki-moon: durante sua campanha, Trumo prometeu cancelar o histórico pacto de combate ao aquecimento global (Maja Suslin / Reuters)

Ban Ki-moon: durante sua campanha, Trumo prometeu cancelar o histórico pacto de combate ao aquecimento global (Maja Suslin / Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de novembro de 2016 às 18h39.

Última atualização em 11 de novembro de 2016 às 21h29.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou nesta sexta-feira confiança em que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, não rejeitará o Acordo Climático de Paris, apesar de, durante sua campanha, ele ter prometido cancelar o histórico pacto de combate ao aquecimento global.

Ban afirmou que pretende se reunir com Trump nas próximas semanas para explicar que as Nações Unidas esperam que os Estados Unidos "continuem trabalhando para a humanidade".

Durante a corrida presidencial, Trump prometeu que se fosse eleito iria retirar os Estados Unidos do acordo assinado por 195 países em dezembro de 2015 em Paris para tentar controlar o aquecimento do planeta. Também questionou a realidade das mudanças climáticas.

"Isto foi o que ele disse durante o período de campanha", disse Ban na entrevista, realizada na sede da ONU, em Nova York, onde a vitória de Trump alarmou o mundo diplomático.

"Agora, após a eleição, quando ele criar sua equipe de transição com especialistas e pessoas com visão e experiência, tenho certeza de que os Estados Unidos continuarão a desempenhar um papel de liderança", acrescentou.

Declarações preocupantes

Durante sua campanha, Trump afirmou que o aquecimento global era uma farsa inventada pelos chineses, e prometeu revisar os compromissos dos Estados Unidos de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de ajudar a financiar a transição para uma economia verde em todo o mundo.

"Ele fez várias declarações preocupantes, mas estou certo de que irá compreender toda a importância, seriedade e urgência" deste acordo, disse Ban.

"A presidência pode ser importante, mas as consequências (da sua gestão) para a humanidade, nossas vidas e nosso planeta Terra são eternas", reforçou.

Ban argumentou que há um forte consenso nos Estados Unidos e em todo o mundo sobre a necessidade de se combater o aquecimento global, sugerindo que Trump estaria totalmente fora da realidade se destruísse o acordo.

"Agora, a comunidade empresarial está totalmente comprometida, os membros da sociedade civil estão totalmente comprometidos, como alguém pode mudar toda essa tendência?", disse o secretário-geral.

"Se alguém tentasse desfazer (o acordo) ou tentasse fazer com que todo o processo fracasse, criaria sérios problemas", alertou Ban, que vai deixar a secretaria-geral da ONU no final do ano.

A entrevista refletiu a primeira avaliação completa de Ban sobre o impacto da vitória eleitoral de Trump sobre a diplomacia mundial.

Valores reais

O chefe da ONU acompanhou a contagem dos votos na terça-feira no seu apartamento em Manhattan, até que os canais de televisão começaram a projetar a vitória de Trump.

"Acordei às 4:00 da manhã e descobri que o mundo tinha mudado", disse Ban, que descreveu o resultado como "realmente surpreendente".

Bilionário do setor imobiliário, Donald Trump conquistou a presidência dos Estados Unidos com uma plataforma que defende laços mais estreitos com a Rússia e questiona alianças de segurança internacionais e o financiamento americano às Nações Unidas.

Ban descartou a possibilidade de que os Estados Unidos, de longe o maior contribuinte para as Nações Unidas, poderiam cortar o financiamento ou contornar o organismo mundial para lidar com questões globais.

"Não estou muito preocupado sobre o que foi dito durante o processo eleitoral", afirmou.

O ex-ministro das Relações Exteriores sul-coreano foi eleito para dirigir a ONU em 2006 com um forte apoio de Washington, durante a presidência de George W. Bush.

Ban expressou sua gratidão a Bush por liderar as negociações do organismo multilateral sobre as mudanças climáticas, apesar de que foi necessário percorrer um longo caminho para chegar ao acordo de Paris, em dezembro passado, assinado pelos 193 Estados membros da ONU.

Embora Trump ainda não tenha detalhado suas posições políticas, Ban buscou reduzir a ansiedade sobre uma nova ordem mundial sob a sua presidência, afirmando que todas as administrações americanas, desde a fundação das Nações Unidas, após a Segunda Guerra Mundial, se comprometeram com os princípios básicos da organização.

"Segundo o que vi em muitas presidências", disse Ban, "não houve muitas diferenças no que se refere aos valores reais e princípios da carta das Nações Unidas e da humanidade".

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