São Paulo - Um relatório da ONU divulgado nesta terça-feira (19) detalha o impacto atroz causado por quase dois anos de conflitos no Iraque sobre a população civil.
Entre 1º de Janeiro de 2014 e 31 de Outubro de 2015, pelo menos 18.800 civis morreram e outros 36.245 ficaram feridos ao longo da guerra, que obrigou 2 milhões de pessoas a abandonarem seus lares, incluindo mais de um milhão de crianças em idade escolar.
O relatório, compilado pela Missão das Nações Unidas no país (UNAMI) e do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (OHCHR), baseia-se em grande parte no depoimento obtido diretamente das vítimas, sobreviventes ou testemunhas de violações dos direitos humanos internacionais.
"A violência sofrida por civis no Iraque continua impressionante. O chamado 'Estado Islâmico' (EI, na sigla em português) continua a cometer violência e abusos de direito internacional e dos direitos humanos de forma sistemática e generalizada. Esses atos podem, em alguns casos, ser considerados crimes de guerra, crimes contra a humanidade e, possivelmente, genocídio", afirma o relatório.
Espetáculos públicos de horror
Durante o período analisado pelo relatório, os extremistas do Estado Islâmico mataram e sequestraram um grande número de civis, muitas vezes de forma orientada.
As vítimas incluem aqueles que se opunham à ideologia do EI; pessoas pró-Governo, como ex-forças iraquianas de segurança, policiais, ex-funcionários públicos e trabalhadores eleitorais; profissionais, como médicos e advogados; jornalistas, líderes tribais e religiosos.
Outros foram raptados e / ou mortos sob o pretexto de ajudar ou fornecer informações para as forças de segurança do governo.
Muitos foram levados à julgamento nos "tribunais" do Estado Islâmico que, além de ordenar o assassinato de inúmeras pessoas, impôs castigos cruéis, como o apedrejamento e amputações, relata o documento da ONU.
O relatório detalha vários exemplos de assassinatos que o EI tranformou em verdadeiros espetáculos públicos de horror, usando as técnicas mais variadas: tiro, decapitação, pessoas sendo queimadas vivas e atiradas do topo de edifícios.
Violência contra crianças
Há também relatos de assassinatos de crianças-soldados que fugiram lutando na linha de frente em Anbar. Informações recebidas e verificadas sugerem que entre 800 e 900 crianças em Mosul foram sequestradas pelo EI para receber "educação religiosa" e treinamento militar.
Violência contra mulheres
Além do sequestro de crianças, o relatório destaca outra prática comum do grupo extremista -- a violência contra a mulher. "O EI continua a submeter mulheres e crianças à violência sexual, particularmente na forma de escravidão sexual", afirma o documento.
Forças Iraquianas
O relatório também documentou alegadas violações e abusos dos direitos humanos internacionais e do direito internacional humanitário por parte das forças de segurança iraquianas e as forças associadas, incluindo milícias, forças tribais e unidades de mobilização popular.
A ONU cita alguns relatórios sobre homicídios e sequestros perpetrados por alguns elementos associados com as forças pró-governamentais. "Alguns desses incidentes podem ter sido represálias contra pessoas possivelmente percebidas como apoiadoras ou integrantes do EI", afirma o relatório.
"Além disso, com a grande movimentação de civis em todo o país, buscando fugir da violência, muitos deles acabaram enfrentando restrições do governo de acessar áreas de segurança. Quem chegou nessas áreas foi preso pelas forças de segurança e outros foram expulsos à força", diz o relatório da ONU.
Entretanto, o texto alerta que a condução das operações das forças pró-governo 'levanta preocupação de que elas são realizadas sem tomar todas as precauções possíveis para proteger a população civil".
Valas comuns
A descoberta de uma série de valas comuns também foi documentada no relatório, inclusive em áreas reconquistadas pelo governo do controle do EI, bem como valas comuns da época de Saddam Hussein.
Uma dessas valas comuns continha 377 cadáveres, incluindo mulheres e crianças, aparentemente mortas durante os levantes xiitas de 1991 contra Saddam Hussein, no leste de Basra.
Apelo
O representante especial do secretário-geral da ONU para o Iraque, Jan Kubis, disse que "apesar das perdas constantes para forças do governo, o flagelo do Estado Islâmico continua a matar, mutilar e deslocar civis iraquianos na casa dos milhares e causar um sofrimento indescritível."
No documento, ele faz um apelo a todas as partes envolvidas no conflito -- e à comunidade internacional -- para assegurar a proteção dos civis contra a violência no país e ajudar na estabilização e reconstrução das áreas reconquistadas do domínio do EI, a fim de que todos os iraquianos deslocados pela violência possam voltar para suas casas em segurança e dignidade.
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1. Crueldade
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1/10 (Reuters)
São Paulo – Especialistas iniciaram na manhã de hoje escavações em doze covas coletivas encontradas na região de Trikrit, no
Iraque. De acordo com informações da rede de notícias americana
CNN, é possível que os restos mortais de 1.700 soldados mortos pelo grupo Estado Islâmico (
EI) sejam recuperados. A descoberta comprovaria a veracidade de um vídeo divulgado pelo grupo há alguns meses e no qual era exibida a execução de centenas de soldados iraquianos que estavam dispostos em uma linha que parecia não ter fim. Os soldados, informou a
Reuters, teriam sido capturados em uma antiga base dos Estados Unidos. “A cena é de partir o coração”, contou um oficial ouvido pela rede que esteve no local. “Não conseguimos conter as lágrimas. Que tipo de bárbaro poderia matar 1.700 pessoas a sangue frio?”, indagou. As covas coletivas são mais um ato de violência na lista de barbáries já cometidas pelo grupo desde que ganhou força no ano passado e passou a expandir os seus domínios em regiões da
Síria e do Iraque. Relembre nas imagens outros casos chocantes protagonizados pelo grupo.
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2. Decapitações de reféns ocidentais
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2/10 (AFP)
Ensaiadas à exaustão, filmadas e divulgadas mundo afora via redes sociais, as decapitações, especialmente aquelas realizadas em reféns ocidentais, se tornaram um símbolo da brutalidade do EI. Um dos primeiros ocidentais a ser publicamente executado pelo grupo foi o jornalista americano James Foley. Pouco tempo depois da divulgação do vídeo de Foley em agosto do ano passado, o EI viralizou vários outros. Neles foram exibidas as mortes de pessoas como o Steven Sotloff, jornalista americano sequestrado em agosto de 2013 e morto no início de setembro de 2014, e David Haines, um trabalhador humanitário britânico abduzido em março de 2013 e assassinado poucas semanas depois de Sotloff.
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3. E de cristãos na Líbia
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3/10 (Reprodução)
Os horrores das decapitações do Estado Islâmico (EI), contudo, não ficaram reservados apenas aos reféns ocidentais. No início de fevereiro, o EI
divulgou um vídeo no qual foram degolados 21 cristãos egípcios.
De acordo com informações da agência de notícias EFE, as vítimas haviam sido sequestradas na região de Tripoli, capital da Líbia, e simbolizavam uma espécie de vingança contra o Egito por conta de um episódio no qual uma mulher cristã foi presa depois de se converter ao islã.
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4. A morte do piloto jordaniano
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4/10 (Social media via Reuters)
Depois de anunciar a decapitação do jornalista japonês Kenji Goto, o EI divulgou um vídeo no qual
mostrava um piloto jordaniano sendo queimado vivo. Maaz al-Kassasbeh foi sequestrado em dezembro, depois que sua aeronave foi derrubada pela artilharia do grupo nas redondezas de Raqqa, conhecida informalmente como a capital do EI. Como consequência da morte brutal do militar, a
Jordânia intensificou os bombardeios realizados contra os militantes.
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5. Recrutamento de crianças
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5/10 (Reprodução/Live Leak)
Outra atrocidade cometida pelo grupo é o constante recrutamento de crianças para batalha ou para operações suicidas. De acordo com entidades de ajuda humanitária, desde o início de 2015, 400 crianças foram
absorvidas aos quadros de militantes do EI. Muitas se juntam ao grupo com a conivência dos pais, mas tantas outras acabam sendo seduzidas por recrutadores a fugirem de suas famílias. Um exemplo que chocou o mundo apareceu em mais um vídeo do EI divulgado nas redes sociais. Nele, era mostrada a execução de reféns por uma criança que não aparentava ter mais de 12 anos de idade.
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6. Genocídio da minoria Yazidi
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6/10 (Rodi Said/Reuters)
Desde que iniciou a sua expansão territorial, o Estado Islâmico (
EI) vem atacando a minoria Yazidi,
historicamente estabelecida no norte do Iraque. Como consequência dos atos brutais contra este povo, a Organização das Nações Unidas (
ONU)
acusa o EI de estar cometendo um crime de genocídio, uma vez que demonstra ter o objetivo de dizimá-los enquanto grupo.
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7. A tortura de seus reféns
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7/10 (Nicole Tung/AFP)
Reféns ocidentais que foram libertados pelo Estado Islâmico (
EI)
contaram ao mundo como era a rotina de horror a qual foram diariamente submetidos enquanto em cativeiro. De acordo com os relatos, a tortura era uma ferramenta comum dos militantes e era assim que eles buscavam informações sobre, por exemplo, o propósito da ida de seus reféns para a Síria. Os métodos consistiam em espancamentos e até
mesmo a simulação de afogamento.
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8. Terror em campo de refugiados
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8/10 (Rani Al-Sayed/AFP)
Até então restrito ao norte da
Síria, o EI mostra que aos poucos está avançando até a capital do país, Damasco. Nesta semana, veio à tona a notícia de que o grupo invadiu um campo de refugiados nas redondezas da cidade e que agora
controla 90% dele. Os outros 10% estãos nas mãos de uma milícia formada por palestinos e sírios que vivem no campo e que lutam contra o regime de Bashar al-Assad. Segundo informações da rede de notícias Reuters, o local é habitado por 18 mil pessoas. Na análise da ONU, a
situação no campo é “além de desumana”, pois a entidade não conseguiu enviar comida, remédio e água para as pessoas que lá vivem desde que os conflitos dentro do campo começaram.
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9. A destruição de antiguidades
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9/10 (Reprodução/Youtube/Josue Leon)
Há poucos meses, o EI divulgou
vídeos nos quais seus militantes apareciam destruindo antiguidades em sítios arqueológicos e até museus de diferentes regiões do Iraque. Em Mosul, por exemplo, homens aparecem armados com martelos e brocas derrubando e destruindo estátuas datadas do século 7 a.C e cujos valores são inestimáveis.
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10. Agora veja os números da violência na Síria
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10/10 (Reuters)