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Baile gay celebra a posse e a nova postura de Obama

A principal associação de defesa dos direitos homossexuais nos EUA promoveu um baile em homenagem Obama, que se referiu aos gays em seu discurso de posse


	Barack e Michelle Obama dançam em baile da posse: o presidente se declarou a favor do casamento gay no ano passado
 (REUTERS/Pablo Martinez Monsivais)

Barack e Michelle Obama dançam em baile da posse: o presidente se declarou a favor do casamento gay no ano passado (REUTERS/Pablo Martinez Monsivais)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 12h32.

Washington - No baile promovido pela principal associação de defesa dos direitos homossexuais nos Estados Unidos, realizado na noite de segunda-feira em homenagem a Barack Obama, os convidados ainda se emocionavam quando repetiam as cinco palavras que foram pronunciadas no discurso de posse do presidente: "Nossos irmãos e irmãs gays".

Há apenas um ano, Obama ainda não havia se posicionado a favor do casamento gay. Estava "evoluindo neste assunto", segundo ele. Era maio de 2012 quando o presidente oficialmente concluiu sua reflexão e afirmou publicamente que as pessoas do mesmo sexo deveriam ter o direito de se casar.

A Campanha de Direitos Humanos (HRC, na sigla em inglês), que reúne os maiores grupos de direitos dos gays, convidou inúmeras pessoas na noite desta segunda para celebrar a posse do presidente, que, por sua vez, esteve presente em apenas dois bailes realizados em diferentes partes da cidade.

No salão de festas do Hotel Mayflower Renaissance, em Washington, o democrata Cory Booker, o popular prefeito de Newark, em Nova Jersey, estava em êxtase.

"Temos muito o que comemorar esta noite!", declarou ante centenas de convidados de smoking, que pagaram 350 dólares cada um pela entrada.

"Estive lá e assisti meu presidente, um homem verdadeiramente evoluído agora", continuou Booker. "Pronto para enfrentar a política conhecida como 'Não pergunte, não fale', pronto para defender a igualdade de casamento, pronto para dizer a verdade ao nosso povo, que não importa quem você é, sua cor, seu credo, sua raça, sua religião, quem você escolhe amar, você é americano e faz parte dos Estados Unidos", discursou.


"Ainda vivemos em um país desigual, ainda vivemos em um país onde existem cidadãos de segunda classe, com seus direitos e privilégios negados", destacou o prefeito.

Este foi o caso de Jerri Berc, de 64 anos. Atualmente aposentada, ela casou-se com Roni Posner em 2002, em Washington, porém as duas mulheres foram viver em Delaware, onde uniões civis já eram legalizadas.

O governo federal não reconhece seu casamento, o que representa um problema na hora de resolver questões de herança e pensão.

Jerri ficou comovida ao ouvir as palavras do discurso de posse do presidente.

"Foi um momento de comoção para mim", destacou. "Saber que o presidente dos Estados Unidos coloca os direitos homossexuais em primeiro plano", comentou.

"Sempre senti que ele era solidário, mas colocar o tema no centro da mesa dos direitos civis foi histórico e extremamente comovente", ressaltou Jerri. "Isso ajudará a reconhecer nosso casamento e assim poderemos compartilhar nossos benefícios de saúde".

Em seu discurso, Obama declarou: "Nossa missão não estará completa até que nossos irmãos e irmãs gays sejam tratados como qualquer um sob a lei".

Obama fez um paralelo entre as inúmeras lutas pelos direitos cívicos na história americana -- como o das mulheres no marco da convenção de Seneca Falls em 1848, a batalha pelos direitos civis em Selma, Alabama e finalmente no caso de Stonewall, em junho de 1969, quando militantes do movimento homossexual realizaram um protesto que foi violentamente reprimido.


Roni Posner, a companheira de Jerri Berc, relembrou que, no período da escola, era inconcebível assumir abertamente a sua homossexualidade.

"O presidente Obama entende que chegou nossa hora. Ele trouxe este assunto à tona hoje e se posicionou sobre esta mudança", salientou.

Mas, além de palavras, que mudanças efetivamente estão sendo realizadas?

No final de março, a Suprema Corte irá analisar a constitucionalidade das leis de estado que proíbem o casamento gay.

O presidente da Campanha de Direitos Humanos (HRC), Chad Griffin, disse à AFP esperar que a Casa Branca decida usar de toda sua influência ante a Corte na defesa dos argumentos a favor do direito constitucional ao casamento entre pessoas de mesmo sexo.

Outra fonte de preocupação do movimento gay é o status dos cônjuges de militares. As forças armadas não garantem os mesmos direitos das esposas de casais heterossexuais porque a lei federal proíbe o reconhecimento do casamento gay pelo governo federal.

"A política do 'Não pergunte, não fale' foi revogada. Mas ainda assim, gays e lésbicas continuam sendo discriminados todo dia, neste momento não há direitos iguais", destacou Griffin.

"É algo em que o Pentágono poderia avançar e é minha esperança que (o secretário americano de Defesa Leon) Panetta também o faça antes de deixar o cargo".

Durante seu primeiro mandato, Obama abandonou seu apoio à política do 'Não pergunte, não fale' posta em prática durante a administração do presidente Bill Clinton.

Esta política desencorajou gays que serviam na carreira militar a revelar sua orientação sexual sob o risco de serem expulsos.

Griffin descreveu o discurso do presidente como "inacreditável" e "comovente", acrescentando que tinha profundas implicações políticas.

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