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Bailarino confessa ataque com ácido a diretor do Bolshoi

Segundo a imprensa russa, o ataque foi cometido para vingar uma bailarina que não recebeu o papel principal em uma encenação do Lago dos Cisnes


	O diretor artístico do Bolshoi, Sergei Filin, e a esposa Maria: o principal motivo examinado pelos investigadores é "uma forte inimizade" do bailarino e o diretor artístico (AFP)

O diretor artístico do Bolshoi, Sergei Filin, e a esposa Maria: o principal motivo examinado pelos investigadores é "uma forte inimizade" do bailarino e o diretor artístico (AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2013 às 12h54.

Moscou - Um dos principais solistas do balé Bolshoi, Pavel Dimitrichenko, confessou ter planejado o ataque com ácido, em janeiro, contra o diretor artístico da companhia, Serguei Filin, informou a polícia, um crime que, segundo a imprensa russa, foi cometido para vingar uma bailarina que não recebeu o papel principal em uma encenação do Lago dos Cisnes.

Os três suspeitos detidos, o suposto instigador Pavel Dimitrichenko, o agressor Yuri Zarutski e o motorista Andrei Lipatov", que levou Zarutski ao local do crime, "reconheceram sua culpa", anunciou a polícia moscovita em um comunicado.

"A investigação prossegue para estabelecer todas as circunstâncias do crime", segundo a mesma fonte.

De acordo com uma fonte policial citada pela agência Interfax, os suspeitos podem ser indiciados por terem "prejudicado gravemente a saúde" da vítima, Serguei Filin, ferido sobretudo nos olhos. Eles podem ser condenados a até 12 anos de prisão.

O principal motivo examinado pelos investigadores é "uma forte inimizade" do bailarino e o diretor artístico.

Pavel Dimitrichenko, de 32 anos, que está no Bolshoi desde 2002 e que interpretou Spartacus e Ivan, o Terrível nos balés de Yuri Grigorovich, não integra o grupo de oito bailarinos estrelas, mas é um dos principais solistas, um grau inferior na hierarquia do Bolshoi.

Em 16 de março ele participaria do espetáculo "A Bela Adormecida".


O diretor artístico do Bolshoi, Serguei Filin, de 42 anos, nomeado para o posto em 2011, foi atacado com ácido em 17 de janeiro na entrada de seu prédio em Moscou.

Filin, gravemente ferido, foi submetido a um enxerto de pele e passou por várias cirurgias nos olhos, pois a córnea foi muito afetada. Atualmente recebe tratamento médico na Alemanha.

Imediatamente o ataque foi vinculado a sua atividade profissional. Ele afirmou em uma entrevista que estava "absolutamente seguro" da identidade do agressor, mas não revelou o nome.

Os colegas de Filin destacaram fortes rivalidades nos bastidores e uma luta para a conquista de papéis.

A imprensa afirma nesta quarta-feira que o crime teria sido cometido por uma mulher, a bailarina Angelina Vorontsova, companheira de Pavel Dimitrichenko.

Serguei Filin havia negado a Angelina o papel de Odette/Odile no Lago dos Cisnes, considerado de primeira categoria para uma bailarina.

"Filin foi atacado com ácido por causa de uma mulher?", questiona o jornal Komsomolskaia Pravda.

"No teatro dizem que Angelina estava frustrada porque Filin não a via neste papel e que ela aparentemente conversou sobre esta flagrante injustiça com seu professor, Nikolai Tsiskaridze, e com seu amigo Pavel Dimitrichenko", afirma o jornal.


Desde a agressão, a polícia interrogou várias testemunhas e, sobretudo, membros da companhia.

Os investigadores tentaram utilizar o detector de mentiras, mas todas as testemunhas recusaram, incluindo Nikolai Tsiskaridze.

Este bailarino, um astro no país, está em conflito declarado com a direção do teatro, que o acusou quase abertamente de ter instigado o crime contra o diretor artístico.

Na época do ataque, Tsiskaridze estava envolvido em uma polêmica com o diretor do Bolshoi, Anatoli Iskanov. Em fevereiro, o teatro anunciou que estudava a possibilidade de processá-lo por difamação.

"Triângulo no Bolshoi", afirma o jornal Moskovski Komsolets, que publica na primeira página fotos de Vorontsova, Filin e Dimitrichenko no papel do czar Ivan, o Terrível.

O canal público Pervy Kanal afirmou na terça-feira que "Dimitrichenko, que tem um caráter explosivo, não podia permanecer indiferente ao destino de sua companheira Vorontseva".

Ao ser procurada pela AFP, a porta-voz do Bolshoi, Katerina Novikova, se negou a fazer comentários.

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