Lactococcus lactis ao microscópio: além de fermentar leite, bactéria pode produzir biocombustível (Reprodução)
Vanessa Barbosa
Publicado em 7 de dezembro de 2010 às 17h57.
São Paulo - Uma bactéria usada na produção de queijo, manteiga e iogurte pode ajudar a produzir bicombustíveis. Pesquisadores da Universidade Concordia, no Canadá, descobriram que a Lactococcus lactis tem em sua estrutura proteínas capazes de transformar matéria vegetal em combustível renovável através da digestão.
Em comunicado publicado no jornal científico Microbial Cell Factories, o professor de biologia da Concordia Vincent Martin explica que as proteínas geradas pela digestão da bactéria podem ser segregadas e acumuladas na superfície celular do microorganismo. "A exportação dessas proteínas para o exterior da célula é um grande marco. Isto pode aumentar a eficiência de qualquer bio-processo ou evitar a avaria de materiais orgânicos".
Martin também acrescentou que a bactéria pode desempenhar um "papel fundamental para o desenvolvimento de microrganismos recombinantes capazes de realizar conversão direta de substratos celulósicos em combustíveis". Em outras palavras, a pesquisa sobre Lactococcus pode se unir a outros estudos precursores que utilizam microorganismos geneticamente modificadas para produzir biocombustíveis eficientes.
A bactéria do leite não é a única que serva a esta finalidade. Em 2008, cientistas da Universidade da California, em Los Angeles, modificaram geneticamente a E. Coli - bactéria comum do intestino de seres humanos e de outros animais de sangue quente - que passou a gerar um álcool com cadeias longas de carbono e, consequentemente, maior densidade energética do que outros biocombustíveis deste genero, como o etanol.