Michelle Bachelet: "Quero me dar um tempo para escolher os melhores, que vistam a camisa e estejam compenetrados com o programa de governo" (Claudio Reyes/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2013 às 18h45.
Santiago do Chile - A presidente eleita do Chile, Michelle Bachelet, anunciou nesta segunda-feira que em meados de janeiro informará a composição de seu gabinete ministerial, enquanto a direita assumiu sua derrota, e considerou que o revés aconteceu por falta de unidade.
Em sua primeira entrevista coletiva após o amplo triunfo obtido no segundo turno eleitoral do domingo, quando somou 62,16% dos votos, Bachelet garantiu que será ela quem definirá os colaboradores, sem interferência dos partidos que formam o bloco de centro-esquerda, Nova Maioria, que a respalda.
"Quero me dar um tempo para escolher os melhores, que vistam a camisa e estejam compenetrados com o programa de governo", disse Bachelet depois de se reunir com os presidentes dos partidos da coalizão.
Afirmou também que o perfil dos novos ministros corresponderá a pessoas que "sejam capazes de trabalhar em equipe e que ponham o coletivo acima do individual".
As principais propostas de Bachelet são estabelecer uma nova Constituição que substitua à herdada da ditadura de Augusto Pinochet, proporcionar educação gratuita universal e elevar os impostos das empresas de 20% para 25%.
Michelle Bachelet começou hoje suas atividades com uma reunião em sua casa com o presidente Sebastián Piñera, para coordenar a transferência de poder em março de 2014.
Conforme ela informou, os encontros com o governante voltarão a acontecer para tratar também de outros assuntos de relevância e que serão passados de um governo para o outro.
Um dos temas que se espera que seja abordado é a decisão judicial da Corte Internacional de Justiça de Haia sobre a demanda apresentada pelo Peru contra o Chile que persegue o estabelecimento de um novo limite marítimo.
A sentença será conhecida em 27 de janeiro, e Bachelet declarou que deve ser mantida sobre as relações internacionais uma "política de Estado" e "nos colocarmos todos atrás do presidente da República e apoiar o que está fazendo".
No entanto, a porta-voz do governo, Cecilia Pérez, afirmou que nos primeiros dias de janeiro será realizada uma nova reunião entre Piñera e Bachelet, para "conversar sobre temas profundos, importantes (...) que o presidente quer transmitir à presidente sobre as coisas que virão e as decisões que estão tomando".
Pérez reconheceu, além disso, que a derrota sofrida pela candidata de direita, Evelyn Matthei, foi produto da falta de unidade em seu setor. Evelyn obteve 37,83% dos votos, número inferior à votação histórica da direita que é de 40%.
"Somente através da unidade podemos voltar a dar uma boa luta nos anos seguintes, e nos prepararmos, sobretudo, para os desafios que temos como coalizão", ressaltou Pérez.
"Muitos entendemos na dor da derrota que o que corresponde é não continuar nos fagocitando, não seguir nos destruindo, mas, definitivamente, olhar de hoje em diante o que vem e o que vem é importante para o Chile", acrescentou.
Evelyn realizou uma curta campanha de quatro meses, já que foi a terceira opção da direita como candidata, após a saída de outros dois candidatos. No entanto, teve sérias dificuldades para incitar a unidade dos dois partidos que a respaldavam, tanto no primeiro como no segundo turno.
O ex-chefe do Comando de Matthei, o deputado eleito Felipe Kast, membro da chamada "nova geração" da direita que ganhou protagonismo na campanha do segundo turno, afirmou que Bachelet pode contar com eles para colaborar no desenvolvimento de um país melhor.
"Estaremos sempre muito disponíveis ao diálogo, a poder elaborar políticas públicas que permitam tornar muitos destes sonhos realidade", declarou.