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Ayman al Zawahiri, o médico que sucede Osama no comando da Al Qaeda

Egípcio era descrito por seus companheiros de faculdade da Universidade do Cairo como um homem tímido e de poucas palavras

Primeiro encontro entre Ayman al Zawahiri com Bin Laden aconteceu em 1985 na cidade paquistanesa de Peshawar, perto da fronteira com o Afeganistão (Getty Images)

Primeiro encontro entre Ayman al Zawahiri com Bin Laden aconteceu em 1985 na cidade paquistanesa de Peshawar, perto da fronteira com o Afeganistão (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2011 às 06h46.

Cairo - Ayman al Zawahiri, um médico egípcio que seus companheiros de faculdade da Universidade do Cairo qualificavam como um homem tímido e de poucas palavras, se transformou no novo líder da Al Qaeda, a organização terrorista mais temida por governos de todo o mundo.

"A direção geral do grupo Al Qaeda al Jihad, após ter encerrado consultas, anuncia que o xeque doutor Ayman al Zawahiri assume a responsabilidade de liderar o grupo, e pede a Alá que dê sorte a ele, a nós e a todos os muçulmanos para que trabalhemos com sua sharia (lei)", diz um comunicado assinado pela Al Qaeda divulgado nesta quinta-feira por vários sites islâmicos.

Com estas palavras, Zawahiri, nascido em 1951 no Cairo em uma família de classe média, foi reconhecido como a máxima autoridade da organização dirigida até o dia 1º de maio deste ano por Osama bin Laden, morto em uma operação militar americana no Paquistão.

Seu primeiro encontro com Bin Laden, de quem durante anos foi seu mais próximo colaborador, aconteceu em 1985 na cidade paquistanesa de Peshawar, perto da fronteira com o Afeganistão e onde estavam na ocasião para organizar a chegada de 20 mil combatentes voluntários árabes contra a ocupação soviética deste último país.

Daquela época data a fundação da Al Qaeda, criada para combater o regime pró-soviético de Cabul, e origem da "Frente Islâmica Mundial" para combater os "cruzados" e os "judeus". A carta fundadora da organização foi assinada em 1998 em conjunto por Bin Laden e Zawahiri.

Precisamente, o comunicado que hoje o reconhece como o "número um" da Al Qaeda diz que a rede que ele agora dirige "continuará sua luta contra os agressores dos lares do islã liderados pelos Estados Unidos e seu enteado Israel".

Em 1979, o médico se casou com Azza Nawira, descendente de uma rica família do sul do Egito, país no qual viveram até 1984, e no qual nasceu sua primeira filha, Fatima.

Já adolescente, seu nome foi associado aos militantes islâmicos. Com 15 anos foi detido, acusado de pertencer à então banida Irmandade Muçulmana, e mais tarde se uniria ao grupo terrorista Jihad (Guerra Santa), nascido no Egito no final dos anos 60.

A primeira ação terrorista da qual é acusado de participação foi o assassinato do presidente egípcio Anwar el Sadat em 1981, durante um desfile militar no Cairo, e por isso passou três anos na prisão.

Após ser libertado, começou um périplo que o levou à Arábia Saudita, centro de difusão do islã mais purista, e ao Paquistão, onde em Peshawar prestou socorro aos combatentes que lutavam no Afeganistão e se uniu ao fundador da Al Qaeda.

No início dos anos 90, seguiu com Bin Laden ao Sudão quando este se estabeleceu em Cartum após ser expulso da Arábia Saudita. Em meados daquela década, Zawahiri viajou, muito possivelmente, a Estados Unidos e Reino Unido, utilizando sempre passaportes falsos e em busca de doações para seu grupo.

Em 1995, reapareceu junto com Bin Laden em um vídeo, no qual ambos ameaçavam com represálias os Estados Unidos pela detenção do xeque egípcio Omar Abdel Rahman, ligado ao atentado de 1993 contra o World Trade Center de Nova York.

Dois anos depois, o departamento de Estado americano lhe atribuiu a liderança da "Vanguarda da Conquista", grupo egresso da "Jihad" e vinculado a princípio ao assassinato de 59 turistas em Luxor (Egito), em 1997.

Após a morte, nesse mesmo ano, em atentado, de Abdulah Azzam, mentor religioso de Bin Laden, Zawahiri se tornou um ideólogo do grupo e se mudou para os campos de treinamento da Al Qaeda no Afeganistão.


Um ano depois, foi um dos signatários da fatwa (édito religioso) de Bin Laden, na qual ordenavam ataques a pessoas, bens e interesses dos Estados Unidos em todo o mundo.

Em 1999, foi acusado pelos EUA, junto com Bin Laden e 14 supostos membros de sua rede, dos atentados cometidos em 1998 contra as embaixadas americanas em Tanzânia e Quênia, que causaram 240 mortes. No mesmo ano, Ayman e seu irmão Mohammed foram condenados a morte à revelia no Egito em um julgamento contra jihadistas denominado o caso dos "procedentes da Albânia", pois vários acusados de planejar atentados no Egito foram entregues por esse país. Um acusado declarou que o grupo recebia instruções do emir Zawahiri, que estava no Afeganistão junto com Bin Laden.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a Interpol ordenou sua busca e detenção, sob a acusação de ações terroristas no Egito e de ser "uma das cabeças da Al Qaeda".

Desde então, vive escondido, presumivelmente em algum entre Afeganistão e Paquistão, e apareceu cada vez com maior frequência em vídeos e gravações divulgadas por sites de radicais islâmicos comentando fatos atuais e lembrando seu permanente compromisso com a luta contra os que considera inimigos do islã.

Por sua captura quando era o "número dois" da Al Qaeda, o governo americano oferecia US$ 25 milhões como recompensa.

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