Imagem veiculada na televisão mostra equipe da Opaq: organização afirma que espera receber em 24 horas do regime o programa de destruição de seu arsenal (AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2013 às 13h00.
Damasco - O regime sírio se preparava para entregar nesta quinta-feira o programa de destruição de seu arsenal químico à organização encarregada de supervisionar o processo, enquanto um ataque rebelde provocou cortes de eletricidade.
Por outro lado, a oposição síria declarou que se reunirá no dia 9 de novembro para decidir se participará da conferência de paz Genebra que a comunidade internacional está tentando organizar para encontrar uma solução ao conflito da Síria.
Em meio ao prosseguimento dos combates em todas as frentes, as autoridades sírias tentam restabelecer o fornecimento elétrico progressivamente em várias regiões do país, incluindo Damasco, depois de um corte quase generalizado por um ataque rebelde a um gasoduto que alimentava uma central, informaram fontes oficiais.
A Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), cujos especialistas estão na Síria desde 1º de outubro, afirmou na quarta-feira que espera receber em 24 horas do regime de Bashar al-Assad o programa de destruição de seu arsenal químico, ou seja, vários dias antes da data limite de domingo.
Trata-se da próxima etapa prevista no acordo russo-americano, que prevê a destruição do arsenal químico sírio até meados de 2014.
A Síria havia transmitido anteriormente um inventário das instalações de produção e de armazenamento que estão sendo inspecionadas por especialistas, no âmbito da missão conjunta da ONU e da OPAQ.
Depois da entrega de seu inventário, o Conselho Executivo da OPAQ fixará até 15 de novembro as diferentes datas limite para a destruição das armas proibidas.
Os especialistas já inspecionaram 18 das 23 instalações e começaram a destruir os equipamentos de produção em todas estas instalações, com exceção de uma, segundo a OPAQ.
O chefe da missão ONU/OPAQ, Sigrid Kaag, comemorou a total cooperação do regime, cuja concordância em destruir seu arsenal químico evitou um ataque americano.
A Suécia anunciou nesta quinta-feira que colocará à disposição das Nações Unidas um avião militar para contribuir com a missão de destruição de armas químicas da Síria.
A destruição de armas proibidas é praticamente o único elemento positivo no conflito na Síria, que deixou em mais de dois anos e meio 115.000 mortos e forçou o êxodo de milhares de sírios.
Enquanto isso, o mediador internacional Lakhdar Brahimi segue seu giro regional para tentar reunir os protagonistas ao redor da mesma mesa, sem êxito aparente até agora.
Funcionários americanos tentaram na quarta-feira persuadir a oposição síria a aceitar se unir às negociações de paz previstas para o próximo mês.
O embaixador dos Estados Unidos na Síria, Robert ford, que construiu uma relação muito próxima com os líderes opositores nos últimos anos, conversou com figuras chave em Istambul para atraí-las à mesa de negociações.
Depois de muitos anúncios contraditórios, a Coalizão da oposição, principal grupo opositor sírio, anunciou nesta quinta-feira que se reunirá no dia 9 de novembro para decidir se participará da conferência de Genebra.
Por sua vez, o regime de Damasco declarou que apenas os sírios podem escolher seus líderes e tomar decisões sobre o presente e o futuro da Síria.
Em um comunicado do ministério das Relações Exteriores publicado na véspera, o regime sírio ressaltou que nenhum estrangeiro estará envolvido nas decisões que envolvem o futuro e a direção do país.
O fornecimento de energia elétrica era restabelecido progressivamente nesta quinta-feira em várias regiões da Síria, incluindo a capital, depois de um corte quase generalizado por um ataque rebelde a um gasoduto que alimentava uma central, informaram fontes oficiais.
O ataque, cometido na noite de quarta-feira, teve como alvo o gasoduto que alimenta a principal central do sul do país. As autoridades e uma ONG sírias o atribuíram aos rebeldes, que lutam há mais de dois anos contra o regime para tentar derrubá-lo.
Não está claro se o gasoduto foi sabotado com explosivos ou com bombardeios.
Segundo a agência oficial Sana, que cita o ministro da Eletricidade, Imad Jamis, "a corrente está sendo restabelecida progressivamente em algumas províncias depois de ter abastecido a central com combustível".
"Continuam as obras para reparar os danos provocados pelo atentado terrorista contra o gasoduto e a corrente terá se restabelecido completamente em 48 horas", acrescentou o ministro.
O ataque provocou um enorme incêndio, afirmaram as autoridades, que classificam os rebeldes de terroristas.
Em terra, um atentado com carro-bomba deixou nesta quinta-feira um morto e 43 feridos no sul de Homs, afirmou a rede de televisão oficial síria.