Independência da Escócia: pesquisa apontou perspectiva real de que os separatistas atinjam sua meta (Simon Dawson/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2014 às 10h28.
Edimburgo/ Londres - Uma pesquisa que mostrou o apoio pela independência da Escócia no maior nível já registrado lançou nesta terça-feira dúvidas sobre o destino do Reino Unido, apenas duas semanas antes de os escoceses votarem sobre a questão.
A pesquisa realizada pela YouGov mostrou que a vantagem dos partidários de manter a unificação britânica caiu para 6 pontos percentuais, ante 22 pontos há apenas um mês, já que o apoio à independência subiu para 47 por cento, sugerindo uma grande mudança de opinião antes do referendo de 18 de setembro.
Após meses de pesquisas mostrando que os nacionalistas seriam derrotados no referendo, a pesquisa YouGov pela primeira vez apontou a perspectiva real de que os separatistas possam atingir sua meta de encerrar a união de 307 anos com a Inglaterra. “A vitória do ‘sim' agora é uma possibilidade real”, disse o presidente do YouGov, Peter Kellner, um dos pesquisadores de opinião mais respeitados da Grã-Bretanha. “Uma decisão apertada parece provável.”
Pesquisas mostram diferentes níveis de apoio para a campanha de união e, embora nenhuma tenha mostrado o lado da independência em vantagem, a repentina alta dessa posição indicada pela pesquisa deixou em polvorosa a classe política britânica.
Uma votação favorável à separação seria seguida de negociações com Londres sobre o que fazer com a libra esterlina, a dívida nacional, com o petróleo do Mar do Norte e o futuro da base nuclear submarina britânica na Escócia, antes do começo de fato da independência, em 24 de março de 2016.
Caso os escoceses escolham deixar o Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameron deverá enfrentar pressão para renunciar antes das eleições nacionais de maio de 2015, e as chances do Partido Trabalhista de conquistar a maioria podem podem ser prejudicadas caso perca os deputados escoceses.
A libra caiu para o menor nível em cinco meses perante o dólar e também recuou frente a um enfraquecido euro, nesta terça-feira. Kellner, de 67 anos, disse que os dados da pesquisa eram tão surpreendentes que quando os viu pela primeira vez teve que checá-los novamente para ver se havia um erro de amostragem. Mas ele disse que, após checar os números, ele estava certo de que um movimento real está ganhando corpo.
“Quando eu vi os dados pela primeira vez, eu quis garantir que o movimento era real”, disse ele. “Estou certo de que é." A pesquisa foi realizada de 28 de agosto a 1o de setembro e 1.063 pessoas foram ouvidas.
Quando os entrevistas foram perguntados sobre como votariam no referendo, 42 por cento disseram que votariam pela independência, enquanto 48 por cento, contra. Oito por cento disseram não saber e 2 por cento não tinham intenção de votar.
Excluindo aqueles que não têm intenção de votar ou estão indecisos, a pesquisa mostrou apoio pela união de 53 por cento, enquanto os favoráveis à independência constituem 47 por cento.