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Auxílio da covid-19 do Canadá beneficiou famílias de maior renda

Famílias com maior renda no país foram as maiores beneficiárias do pacote de ajuda da pandemia do primeiro-ministro Justin Trudeau

Os 20% com renda mais baixa receberam apenas 14% dos 95,2 bilhões de dólares canadenses em transferências diretas do governo relacionadas à covid-19 no ano passado (Yanis Ourabah/Getty Images)

Os 20% com renda mais baixa receberam apenas 14% dos 95,2 bilhões de dólares canadenses em transferências diretas do governo relacionadas à covid-19 no ano passado (Yanis Ourabah/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 2 de junho de 2021 às 11h36.

Famílias com maior renda no Canadá foram as maiores beneficiárias do pacote de auxílio da pandemia do primeiro-ministro Justin Trudeau, o que pode gerar críticas de que os programas foram desperdiçados.

Os 20% das famílias com maior renda receberam, em média, 6.728 dólares canadenses (US$ 5.577) dos programas de assistência de emergência da covid-19, segundo dados fornecidos à Bloomberg pela agência de estatística do Canadá. As famílias de renda mais baixa receberam, em média, 4.097 dólares canadenses em ajuda.

No geral, os 20% com renda mais baixa receberam apenas 14% dos 95,2 bilhões de dólares canadenses em transferências diretas do governo relacionadas à covid-19 no ano passado, segundo dados da agência de estatística. Os números podem reforçar a preocupação de que o apoio do Canadá na pandemia - entre os mais generosos do mundo e financiado com centenas de bilhões em novas dívidas - tenha sido indiscriminado, à medida que autoridades canalizavam dinheiro para dezenas de grupos diferentes, e que acabava sendo acumulado em contas bancárias.

“Esses dados sugerem que, talvez inadvertidamente, alguns desses benefícios de emergência acabaram complementando o excesso de poupança das famílias de renda mais alta”, disse Jennifer Robson, professora de gestão política da Universidade Carleton em Ottawa, que aconselhou o governo Trudeau.

Autoridades do governo e muitos economistas rejeitaram as críticas de que os programas do Canadá eram muito caros, dizendo que os principais ministros de Trudeau não podiam se dar ao luxo de serem tão precisos no ano passado, quando se apressaram para evitar uma depressão econômica. A parcela desproporcionalmente pequena destinada a pessoas de baixa renda também levanta questões sobre a progressividade dos gastos, potencialmente problemática para um governo focado na redução da desigualdade de renda.

Velocidade ‘crítica’

O governo tinha como foco evitar a perda de renda, e a maioria dos economistas elogiou o primeiro-ministro por agir rapidamente, mesmo que fornecesse dinheiro para famílias que não precisavam. Uma das principais políticas era o Benefício de Resposta de Emergência do Canadá, ou CERB, que deu 2.000 dólares canadenses por mês para aqueles que perderam renda por causa do coronavírus. Outra medida deu a estudantes 1.250 dólares canadenses por mês se não conseguissem encontrar trabalho.

“A velocidade era crítica. Enviar pagamentos às pessoas para que ficassem em casa era o objetivo da política pública”, disse por telefone Trevor Tombe, professor de economia da Universidade de Calgary.

O gabinete da ministra das Finanças, Chrystia Freeland, não quis comentar os dados.

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