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Autores de ataques em Teerã treinaram com EI na Síria e no Iraque

Segundo o Ministério da Inteligência iraniano, os autores já haviam cometido crimes pelo grupo em Mosul e Raqa

Teerã: diferente do que foi anunciado ontem, tratavam-se de cinco indivíduos (Foto/Reuters)

Teerã: diferente do que foi anunciado ontem, tratavam-se de cinco indivíduos (Foto/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de junho de 2017 às 08h59.

Os autores iranianos dos atentados que, segundo um novo balanço, deixaram 17 mortos nesta quarta-feira em Teerã eram membros do grupo Estado Islâmico (EI) e atuaram no Iraque e na Síria antes de retornarem ao Irã.

Os atentados foram cometidos contra o Parlamento iraniano e o mausoléu do aiatolá Khomeini por homens armados, alguns dos quais vestidos de mulher, e suicidas que se explodiram.

Após se juntarem ao EI, os autores dos atentados, todos mortos, "participaram de crimes cometidos por este grupo terrorista em Mossul (Iraque) e em Raqa (Síria)", revelou nesta quinta-feira o Ministério da Inteligência iraniano.

O Ministério divulgou as fotos e os nomes dos agressores que, diferente do que foi anunciado ontem, eram cinco e não seis.

"Há várias dezenas de combatentes iranianos" no EI, "principalmente no Iraque, na Síria e no Afeganistão", segundo Clément Therme, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).

O Irã combate o EI na Síria e no Iraque ao lado dos governos locais.

E, apesar de Washington combater igualmente os extremistas islâmicos, o presidente americano, Donald Trump, disse em um breve comunicado que reza pelas "vítimas inocentes" dos ataques, mas que "os Estados que apoiam o terrorismo se arriscam a se tornar vítimas do mal que promovem".

"Repugnantes"

O Irã reagiu a este comentário e nesta quinta-feira chamou a reação de Trump de "repugnante".

"O comunicado da Casa Branca é repugnante num momento em que os iranianos enfrentam o terror apoiado pelos clientes dos americanos", queixou-se em um tuíte o chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif, em clara referência à Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos.

O EI publicou em março um vídeo em persa dizendo que o grupo ia "conquistar o Irã e devolvê-lo à nação muçulmana sunita", matando os xiitas.

Embora regiões próximas às fronteiras com o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão tenham sido atacadas pelos grupos extremistas, entre eles o EI, os grandes centros urbanos se mantiveram à margem destes atentados até agora. Os extremistas sunitas do EI consideram o Irã xiita apóstata.

Os comentários de Trump também foram criticados pelos iranianos nas redes sociais.

"Os iranianos acenderam velas por vocês no 11 de setembro", tuitou Ali Ghezelbash, um analista de negócios iraniano.

O presidente americano acusa regularmente o Irã de apoiar o terrorismo e ameaça acabar com o acordo selado em 2015 entre as potências ocidentais e a República Islâmica sobre o seu programa nuclear.

Em paralelo, o Senado dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira um projeto de lei para impor novas sanções ao Irã, em parte pelo "apoio aos atos de terrorismo internacional".

Autoridades iranianas da Segurança afirmam, por sua vez, que a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, é responsável por financiar e espalhar o extremismo encarnado pelo Estado Islâmico.

Os Guardiões da Revolução acusaram em um comunicado os Estados Unidos e a Arábia Saudita de envolvimento nos atentados em Teerã, considerando que a "ação terrorista após o encontro do presidente dos Estados Unidos com o chefe de um dos governos reacionários da região, que sempre apoiou os terroristas, é repleta de significado e a reivindicação pelo Daesh (grupo Estado Islâmico) mostra que estão envolvidos".

Já o guia supremo Ali Khamenei garantiu que estes ataques não terão nenhum efeito na determinação do povo iraniano.

À noite, em uma primeira reação oficial, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, clamou pela "unidade e cooperação regional e internacional" contra o terrorismo, em um comunicado publicado na página da Presidência na Internet.

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