Ahmed Hassan dizia odiar o Reino Unido pela morte de seus pais na guerra no Iraque (Metropolitian Police/Reuters/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de março de 2018 às 15h16.
Foi condenado à prisão perpétua, nesta sexta-feira (23), o jovem iraquiano Ahmed Hassan Mohamed Ali, 18 anos, autor de um atentado a bomba no metrô de Londres que deixou dezenas de feridos.
A pena é passível de revisão quando ele atingir 34 anos de idade.
Em 15 de setembro de 2017, Ahmed Hassan, colocou uma bomba de fabricação caseira em um vagão de metrô, no horário de pico. O artefato pegou fogo e explodiu, causando queimaduras na maioria dos feridos.
Ahmed Hassan Mohamed Ali foi acusado de tentativa de assassinato e uso de explosivo capaz de pôr a vida de terceiros em risco. Ele se declarou "inocente".
Em sua defesa, o rapaz alegou que queria apenas viver um momento como "o dos filmes", mas o juiz que o condenou foi taxativo: "sua intenção naquela manhã era matar" e "provocar a maior matança e carnificina possíveis".
Mohamed Ali construiu a bomba com 400 gramas do explosivo conhecido como "mãe de Satã", popular entre os extremistas, e 2,2 quilos de metralha, aproveitando que o casal que o hospedava estava de férias.
Este explosivo, triperóxido de triacetona (TATP), que pode ser fabricado misturando acetona, água oxigenada e um ácido, foi usado em vários atentados na Europa nos últimos anos.
O rapaz vivia em Surrey, no sudoeste de Londres, e estudava Jornalismo na Universidade de Brooklands.
Em uma entrevista com o serviço britânico de Imigração, o jovem contou ter sido "recrutado durante três meses" e "ter sido treinado para matar" pelo grupo Estado Islâmico, que reivindicou o atentado.
Durante o julgamento, testemunhas relataram que o autor do atentado dizia odiar o Reino Unido pela morte de seus pais na guerra no Iraque.
"Tenho que odiar o Reino Unido", disse Mohamed Ali segundo suatutora da Universidade Brooklands, Katie Cable.
"Ahmed contou que seu pai faleceu em uma explosão e que sua mãe morreu" durante a guerra do Iraque (2003-2011), e que considerava o Reino Unido responsável, disse.
Cable o descreveu como uma pessoa "incrivelmente atormentada, assustada e perdida, presa ao tédio". Segundo ela, Mohamed Ali sofria depressão e era um estudante "muito inteligente".
A tutora universitária alertou as autoridades após ter visto no telefone celular do jovem uma mensagem que dizia "[o grupo jihadista] Estado Islâmico aceitou sua doação".
Yusef Habib, um assistente social na organização Barnado, forneceu uma visão diferente sobre o passado do suposto autor do atentando, com quem conviveu desde sua chegada ao Reino Unido em outubro de 2015.
"Seu pai era taxista. Uma manhã, ao ir trabalhar, foi atingido por uma bomba e morreu", explicou. "E sua mãe morreu quando era bastante jovem. Disse que não se lembrava dela."
Segundo ele, Mohamed Ali culpava o exército americano da morte de seus pais.