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Áustria fechará mesquitas e expulsará imãs ligados à Turquia

O porta-voz da Turquia afirmou que as medidas anunciadas pela Áustria são resultado da onda populista, islamofóbica, racista e discriminatória no país

O presidente austríaco explicou que a decisão foi tomada depois que meninos vestidos de soldados recriando uma batalha da Primeira Guerra Mundial em uma mesquita apoiada pela Turquia (REUTERS/Mohammad Ismail/Reuters)

O presidente austríaco explicou que a decisão foi tomada depois que meninos vestidos de soldados recriando uma batalha da Primeira Guerra Mundial em uma mesquita apoiada pela Turquia (REUTERS/Mohammad Ismail/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de junho de 2018 às 09h19.

A Áustria expulsará até 60 imames financiados pela Turquia e fechará sete mesquitas em uma operação contra o "Islã político" - anunciou o chanceler Sebastian Kurz nesta sexta-feira (8).

A Turquia reagiu, chamando de "islamofóbica" e "racista" a ofensiva contra "o Islã político".

"O fechamento por parte da Áustria de sete mesquitas e a expulsão de imames é o resultado da onda populista, islamofóbica, racista e discriminatória neste país", tuitou Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdogan.

O chefe de governo austríaco explicou que a decisão foi tomada, após uma investigação da autoridade de assuntos religiosos por conta de imagens divulgadas, no início do ano, de meninos vestidos de soldados recriando uma emblemática batalha otomana da Primeira Guerra Mundial em uma mesquita apoiada pela Turquia.

"As sociedades paralelas, o Islã político e a radicalização não têm lugar no nosso país", afirmou Kurz.

O ministro do Interior, Herbert Kickl, indicou que a expulsão pode afetar até 60 imãs e suas famílias, cerca de 150 pessoas, todas ligadas à Turquia.

Em alguns casos, o processo de expulsão dos imãs financiados pela Turquia já começou, segundo o ministro. Ele é membro do partido de extrema direita FPÖ, que integra a coalizão formada em dezembro com os conservadores.

As fotos da reconstrução da batalha de Galípoli, interpretada por menores na mesquita, foram publicadas pelo semanário de centro-esquerda "Falter" e abalaram todo o espectro político austríaco.

Bandeira turca

Nas imagens, meninos vestidos de uniforme camuflado aparecem desfilando, saudando e agitando bandeiras turcas. Também aparecem deitados no chão, imitando as vítimas letais da batalha: seus "cadáveres" estavam alinhados e envoltos em bandeiras turcas.

"O que aconteceu (...) não tem seu lugar na Áustria. O governo aplicará tolerância zero", disse o chanceler Kurz, prometendo uma reação "forte".

A mesquita em questão era administrada pelas Associações Culturais Turco-Islâmicas (ATIB), com sede na cidade alemã de Colônia, e uma filial da agência turca de assuntos religiosos Diyanet.

A própria ATIB condenou as imagens na época, classificando o ato de "muito lamentável" e garantindo que "foi cancelado antes de terminar". Em um comunicado, disse ter pedido a demissão do responsável antes que o caso chegasse à imprensa.

A batalha dos Dardanelos começou em fevereiro de 1915 com a tentativa de uma frota franco-britânica de forçar este estreito para conquistar Istambul, então capital do Império Otomano. Não conseguiu, mas, em 25 de abril, os aliados desembarcaram em Galípoli, onde foram derrotados após vários meses de luta.

O Império Otomano terminou a Primeira Guerra Mundial no campo dos perdedores e foi desmantelado. A batalha de Galípoli se tornou, porém, símbolo da resistência que levou à criação da república turca moderna, em 1923.

Cerca de 360.000 pessoas de origem turca vivem na Áustria, 117.000 delas de nacionalidade turca. As relações entre Ancara e Viena são particularmente tensas desde a repressão posterior à tentativa de golpe de Estado contra Recep Tayyip Erdogan, em julho de 2016.

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