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Austrália vai limitar número de estudantes estrangeiros no país; entenda

Redução de vagas para estudantes internacionais visa controlar imigração e aliviar mercado de aluguéis, mas pode impactar setor educacional e economia

Melbourne é uma das cidades que mais recebe imigrantes na Austrália. (Boy_Anupong/Getty Images)

Melbourne é uma das cidades que mais recebe imigrantes na Austrália. (Boy_Anupong/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 28 de agosto de 2024 às 10h21.

Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 13h20.

O governo australiano, sob a liderança do primeiro-ministro Anthony Albanese, anunciou uma nova política que reduzirá drasticamente o número de estudantes internacionais permitidos no país a partir de 2024. O novo limite será de 270 mil novos estudantes por ano, uma queda de 33% em relação aos 402,6 mil que ingressaram em 2023, segundo o Departamento de Educação. As informações são do Financial Times.

A medida foi tomada em resposta a preocupações crescentes com a imigração e o aumento dos preços de aluguéis em grandes cidades como Sydney e Melbourne. O governo argumenta que a redução no número de estudantes internacionais ajudará a aliviar a pressão sobre o mercado imobiliário e melhorará a qualidade da experiência dos estudantes no país.

O novo limite será dividido entre universidades e instituições de ensino vocacional e precisará ser aprovado pelo parlamento. O ministro da Educação, Jason Clare, afirmou que a mudança busca reorganizar o sistema educacional de maneira mais justa, além de combater a exploração de estudantes por agentes de imigração desonestos.

Nos últimos anos, a Austrália experimentou um boom migratório, com um saldo líquido de mais de 500 mil novos residentes no ano fiscal encerrado em junho de 2023. Estudantes internacionais compuseram a maior parte dos vistos temporários concedidos durante esse período, com 283 mil autorizações emitidas após a remoção das restrições de trabalho para estudantes em 2022.

Críticas de educadores

A decisão do governo foi recebida com fortes críticas do setor educacional. Universidades e grupos do setor alertam que a redução no número de estudantes estrangeiros poderá resultar em cortes orçamentários significativos e perda de empregos. David Lloyd, representante da Universities Australia, afirmou ao Financial Times que a medida colocará um "freio" em um dos setores de exportação mais lucrativos do país, avaliado em A$ 48 bilhões (aproximadamente R$ 264 bilhões).

Além dos impactos econômicos, especialistas alertam para as consequências da decisão na influência global da Austrália. A capacidade de atrair estudantes internacionais tem sido uma ferramenta eficaz de "soft power", com muitos líderes globais formando laços com o país durante seus estudos.

Embora o governo não tenha fornecido detalhes sobre a distribuição das vagas, espera-se que mais vagas sejam destinadas a universidades regionais. No entanto, essa mudança pode desestimular estudantes que preferem estudar em instituições mais reconhecidas nas grandes cidades australianas.

A redução no número de estudantes internacionais é uma resposta direta às pressões internas sobre o mercado imobiliário, mas também levanta questões sobre o futuro do setor educacional e a capacidade da Austrália de manter sua relevância global em um cenário econômico desafiador.

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